“Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus
aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não
lhe dá o salário.” (Jr. 22:13)
Vivemos em uma sociedade consumista, centrada em ter, esquecendo-se
totalmente do ser. Vivemos em uma sociedade em que o melhor é levar vantagem em
tudo, certo? É a famosa lei de Gérson, que talvez os mais jovens nem tenham
conhecimento. É a sociedade pós- moderna que se esqueceu de valores éticos e
morais, centralizando-se em uma auto-exaltação, um egoísmo tremendo, que faz
com que nos lembremos da vida social, do outro, tão somente quando ele pode ser
uma fonte de lucro, seja financeiro, seja social.
Essa ideia tem feito com que não hajam mais limites associados
ao caráter, a uma visão mais ampla da vida, não percebendo que tudo quanto
fazemos ou deixamos de fazer, afeta os que estão à nossa volta, tanto de forma
positiva quanto negativa. Não devemos mais satisfação à ninguém quanto ao nosso
comportamento, seja em família, na escola, no trabalho, na praia, na rua, em
uma viagem, ou até mesmo na congregação.
Um grande problema envolvendo tais valores é a questão da
pirataria. A expressão “Pirataria” era tecnicamente usada para designar a
pilhagem que se faziam nos navios que transportavam mercadorias. Como qualquer
outra palavra, o termo “Pirataria” é usado sociamente de maneira bastante
livre, sem muita preocupação com a precisão ou mesmo com a coerência.
Numa visão geral, são vistos como “pirataria” o adiquirir ou
copiar fitas K7 ou VHS, CDs ou DVDs, aparelhos eletrônicos, pilhas, jogos,
livros, remédios, cosméticos, recursos biológicos, brinquedos, roupas, óculos,
tênis, relógio, hackers ou crackers, sem que tenha havido a prévia autorização
do direito autoral.
Na realidade, para podermos fazer isto com uma consciência
limpa, reduzimos o que chamamos de “pirataria” a esta pequena gama de coisas e
nos esquecemos que é um universo imenso. OU SEJA: É a abrangência de todas as
áreas de nossas vidas, é tudo que fazemos, deixando de lado, à questão da
legalidade
Nos esquecemos muitas vezes que contratamos transporte urbano
ou interestadual ilegal, esquecemos que moramos em casas em que o terreno é ilegal,
não possui escritura, não é reconhecido pelo estado como uma área de moradia.
Nos esquecemos que muitas vezes avançamos a cerca ou grade de nossas casas sem
o aval da autoridade competente, por isso fazemos na calada da noite. Nos
esquecemos do que deixamos de declarar ou declaramos a mais no imposto de
renda, burlando o estado de forma grotesca. Nos esquecemos que fazemos viagens ao
exterior e dali trazemos muito além do permitido por lei, para então
revendermos e assim ganharmos um pouco mais de dinheiro e perdermos mais e mais
de nossa dignidade.
Trazendo tal situação para o contexto da noiva de Cristo, a
igreja, não observamos nada de diferente daquilo que vemos no mundo secular, ou
quem sabe algo bem pior, pois há um predomínio da hipocrisia, impulsionada pela
ganância, que leva pessoas que professam a fé em Cristo, mas quando no mundo
vivem de negociatas o tempo todo, sendo tristeza para o Espírito Santo e
vergonha para Deus.
Vejo que tal comportamento pode ser fruto do desconhecimento
das Sagradas Letras, anunciado por Jesus aos mestres da lei, pois a estes
disse: " errais por não conhecer as Escrituras" (Mateus 22:29) Um
desconhecimento das citações do nosso Mestre e seus apóstolos sobre o amor ao
dinheiro, que nosso coração e nosso tesouro estão em um mesmo lugar(Mateus
6:21), que não podemos servir a dois senhores (Mateus 6;24), que não podemos
dizer que somos servos de Cristo e sermos amigos do mundo, que não há comunhão
entre luz e trevas, que não devemos andar ansiosos, mas buscarmos primeiro a
Deus e a sua justiça e todas as coisas nos serão acrescentadas (Mateus 6:33).
Nos esquecemos que Jesus resumiu toda a lei em amarmos a Deus sobre as coisas e
ao nosso próximo como a nós mesmos.
Então como podemos nos comportar assim, ganhando o mundo
inteiro mas perdendo as nossas almas (Mateus 16:26), saindo da luz e
mergulhando nas trevas?
Existem dois textos bíblicos que me falam de forma clara
sobre esta questão. O primeiro é o encontro do jovem rico com Jesus, quando
então o Salvador pede que o jovem deixe todas as suas riquezas, os seus bens
materiais e O siga, e tristemente o jovem O abandona. O segundo, envolve a questão
em que Jesus é questionado sobre o pagamento de impostos a César. E o Mestre
mostrando o que já era bem evidente pergunta-lhes de quem era a imagem presente
na moeda, respondem ser a de César, então ouvindo de Cristo: " dai a César
o que é de César e a Deus o que é de Deus". Deus não quer o nosso
dinheiro, nossos bens materiais, mas quer de cada um de nós, um coração
sincero, arrependido, em total submissão a Ele.
Deus não precisa de nós para nada. Tudo que nosso Pai Celeste
fez, faz e fará é simplesmente por amor. Não há nenhum outro motivo. Deus ama o
que criou, viu que tudo era muito bom, e ainda é, pois não quer que ninguém se
perca, por isso deu o Seu único filho para morrer em nosso lugar, nos
resgatando da morte para a vida, e vida eterna.
Portanto pensemos como temos vivido, como tem sido nosso
comportamento, nosso testemunho em todas as áreas de nossas vidas, em todos os
contextos.
Que possamos amar a Deus em primeiro lugar e ao nosso próximo
como a nós mesmos, sendo alegres no Senhor, usufruindo da Sua paz e não da paz
do mundo; sendo pacientes esperando a vontade divina, sendo benignos e bondosos
com todos, fiéis a Cristo, que se deu por nós, caminhando mansamente
demonstrando domínio próprio, pois este é o fruto do Espírito que habita em todo
cristão verdadeiro.
A Deus somente seja toda a glória.