ROMANOS
9:6-18
Versículo a
versículo
VERSO 6. Não que a
palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são
israelitas;
“a palavra de Deus” – Neste contexto esta frase se refere às promessas da
aliança do VT. As promessas de Deus são firmes (Nm 23.19; Is 40.8; 55.11;
59.21).
“haja faltado”
ARC “não que haja faltado”
ARA “não pensemos que a palavra de Deus haja falhado”
NTLH “não estou dizendo que a palavra de Deus tenha falhado”
BV “as promessas... ficaram sem valor?”
BJ “não é que a palavra de Deus tenha falhado”
Esta
expressão (ekpiptō) foi usada na Septuaginta diversas vezes para referir-se à
falha de algo (Is6.13) ou de alguém (Is 14.12).
É
um INDICATIVO ATIVO PERFEITO, o que denota um estado do ser que tem resultados
duradouros (mas isso é negado).
“porque nem todos os que são de Israel
são israelitas”
ARC “porque nem todos os que são de Israel são israelitas”
ARA “porque nem todos os que são de Israel são, de fato, israelitas”
NTLH “nem todos os israelitas fazem parte do povo de Deus”
BV “os que vêm a Ele. Estes são verdadeiramente o seu povo.”
BJ “porque nem todos os que descendem de Israel são Israel”
O
significado desta declaração paradoxal mexe com os diferentes significados bíblicos
do termo
“Israel”:
(1)
Israel, significando os descendentes de Jacó (Gn 32.22-32);
(2)
Israel, significando o povo
eleito
de Deus;
(3)
Israel como povo espiritual, significando a Igreja (Gl 6.16; 1 Pe 2.8,9; Ap
1.6), em comparação ao Israel natural (vv. 3-6). Nem mesmo os judeus se
mantiveram justos diante de Deus com base apenas na sua linhagem (v. 7), mas
sim baseados na sua fé (2.28-29; 4.1 segs.; Jo 8.31-59; Gl 3.7-9; 4.23). Foi o
remanescente crente que recebeu as promessas de Deus e andou nelas pela fé
(9.27; 11.5).
O
verso 6 começa uma série de supostas objeções (9.14,19,30; 11.1), continuando o
formato paulino das diatribes, que transmitem a verdade por meio de um suposto
opositor:
(Ml
1.2,6,7 [duas vezes],
12,13;2.14,17
[duas vezes];
3.7,13,14).
VERSO 7. Nem por serem
descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua
descendência.
A
segunda metade deste versículo é a citação de Gn 21.12. Nem todos os filhos de
Abraão eram filhos do pacto e da promessa de Deus (Gn 12.1-3; 15.1-11; 17.1-21;
18.1-15; Gl 4.23). Isto mostra a distinção entre Ismael e Isaque, nos vv. 8-9,
e entre Jacó e Esaú, nos vv. 10-11.
VERSO 8. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de
Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência.
Aqui
Paulo está usando o termo “carne”
para referir-se à descendência nacional (1.3; 4.1; 9.3,5). Está contrastando os
filhos naturais de Abraão (os judeus de 9.3) com os filhos espirituais de
Abraão (filhos da promessa; aqueles que confiariam pela fé no Messias prometido
de Deus). Este não é o mesmo contraste de 8.4-11, a humanidade caída contra a
humanidade remida.
VERSO 9. Porque a palavra da promessa é
esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho.
Esta
é uma citação de Gênesis 18.10,14. A criança prometida (“a semente”) viria de
Sara, por iniciativa de Deus e no futuro resultaria no nascimento do Messias.
Isaque foi o cumprimento especial da promessa de Deus a Abraão em Gn 12.1-3,
treze anos antes.
VERSO 10. E não somente
esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai;
As
esposas de Abraão, Isaque e Jacó eram estéreis. Não podiam engravidar. A
incapacidade delas de ter filhos era um dos meios para Deus mostrar que Ele
estava no controle do pacto e das promessas para a linhagem messiânica.
A
outra forma é que a verdadeira linhagem messiânica nunca procede do filho mais
velho dos patriarcas (como era esperado naquela cultura). A chave é a escolha
de Deus (vv. 11-12).
VERSO 11-12. Porque, não
tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de
Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele
que chama),12. Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor.
Os
versículos 11 e 12 formam uma sentença em grego e são um relato tirado de Gn
25.19-34.
Este
exemplo é usado para provar que foi escolha de Deus (v. 16), E não:
(1)
linhagem humana,
(2)mérito
ou realizações humanas (v. 16).
Este
é o coração do evangelho, o novo pacto (Jr 31.31-34; Ez 36.22-36). Contudo,
precisa ser lembrado que a escolha de Deus não significou exclusão, mas
inclusão!
O
Messias viria de uma semente seleta, mas viria para todos (que exercessem fé,
cf. capítulo 10 vai nos ensinar).
9.11
“propósito” – Este é um termo
composto de pro mais tithēmi, que tem diversos sentidos.
1.
Em Rm 3.25:
a.
Estabelecido publicamente;
b.
Dom propiciatório.
2.
Planejado de antemão:
a.
Por Paulo (Rm 1.13);
b.
Por Deus (Ef 1.9).
A
forma SUBSTANTIVA (prothesis), usada neste texto, significa “pré-estabelecer”:
1.Referindo-se
ao pão da proposição no Templo (Mt 12.4; Mc 2.26; Lc 6.4);
2.Referindo-se
ao propósito redentor predeterminado de Deus (Rm 8.28; 9.11; Ef 1.5,11; 3.10;
2Tm 1.9; 3.10).
Paulo
usa diversos termos compostos com a preposição pro (antes), nos capítulos 8 e 9
de Romanos e em Efésios capítulo 1: OBSERVE:
1. proginōskō – conhecido previamente (Rm 8.29);
2.
proorizō – designado de antemão (Rm 8.29; Ef 1.5,11,30; Ef 1.9);
3.
prothesis – propósito predeterminado (Rm 9.11);
4.
proetoimazō – prefaciado antecipadamente (Rm 9.23);
5. prolegō – dito previamente (Rm 9.29);
6. proelpizō – esperado antecipadamente (Ef 1.12).
O
Verso 12 é uma citação da profecia de Gn 25.23 relativa a Esaú e Jacó e mostra
que Rebeca e Jacó atuaram de acordo com a profecia, não por ganância pessoal,
em enganar Isaque a respeito da bênção!
VERSO 13. Como está
escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.
“mas aborreci a Esaú” – Esta é uma citação de Ml 1.2-3. “Aborrecer” é uma
expressão idiomática hebraica comparativa. Ela soa dura em nossa língua, mas
compare Gn 29.31-33; Dt 21.15; Mt 10.37-38; Lc 14.26; e Jo 12.25. Os termos
antropomórficos “amor” e “ódio” não
estão descrevendo as emoções de Deus em relação a esses indivíduos, mas ao Seu
comprometimento com a promessa e a linhagem messiânica.
Jacó
era o filho da promessa, com base na profecia de Gn 25.23.
Esaú,
em Ml 1.2-3, se referia à nação de Edom (os descendentes de Esaú).
VERSO 14. Que diremos
pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma.
Paulo
usa freqüentemente esta forma de diatribe (3.5; 4.1; 6.1; 7.7; 8.31;
9.14,19,30).
“Que há injustiça da parte de Deus?” – Como Deus pode atribuir
responsabilidade aos seres humanos, se a
soberania de Deus é o fator decisivo (v. 19)?
Esse
é o grande mistério da eleição. A chave para compreensão neste contexto é: Deus
é livre para fazer o que quer com a humanidade (que é uma humanidade rebelde),
CONTUDO a soberania de Deus é expressa em misericórdia (Ver nota no v. 15), não
em poder ou brutalidade.
Também
pode ser declarado que as escolhas soberanas de Deus não são baseadas no
conhecimento prévio das futuras escolhas e ações humanas. Se fosse, as escolhas
e ações e méritos individuais seriam a base final para a escolha de Deus (v.
16; 1 Pe 1.2).
Por
trás dessa idéia está o tradicional ponto-de-vista dos judeus a respeito da
prosperidade do justo (Dt 27-28; Jó e Sl 73). Mas Deus escolhe abençoar mesmo
os indignos através da fé (não das obras). Deus sabe todas as coisas, mas
escolheu limitar Sua escolha:
(1)
em misericórdia e
(2)
em promessa.
Há
a necessidade de uma resposta humana, mas ela segue e finalmente confirma a
escolha eletiva de Deus como transformadora de vida.
“De maneira nenhuma!” – Esta é uma FORMA OPTATIVA rara (em grego e em
inglês), mas era
freqüentemente
usada por Paulo para uma negação enfática, normalmente negando as objeções do
seu oponente diatríbico (3.4,6,31; 6.2,15; 7.7,13; 11.1,11; ver também 1Co
6.15; Gl 2.17; 3.21; 6.14).
VERSO 15. Pois diz a
Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu
tiver misericórdia.
Esta
é uma citação de Ex 33.19. Deus é livre para agir de acordo com Seus propósitos
redentivos.
Mesmo
Moisés não mereceu a bênção de Deus (Ex 33.20). A chave é que Suas escolhas são
em misericórdia (vv. 16,18-23; 11.30,31,32).
VERSO 16. Assim, pois,
isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.
“misericórdia” ainda vs 15 – Esta palavra (eleos) é usada na
Septuaginta (LXX) para traduzir o termo especial hebraico hesed, que
significava “lealdade firme, de aliança” (vv. 15,16,18,23; 11.30,31,32). A
misericórdia e a eleição de Deus são plurais, coletivas (dos judeus [em
Isaque], não dos árabes [em Ismael]; de Israel [Jacó], não de Edom [Esaú], mas
dos crentes judeus e dos crentes gentios, cf. v. 24), bem como dos indivíduos.
Esta
verdade é uma das chaves para descobrir o mistério da doutrina da predestinação
(redenção universal). A outra chave no contexto dos capítulos 9 a 11 é o
caráter imutável de Deus, a Sua misericórdia (9.15,16,18,23; 11.30,31,32), e
não na atuação ou obras humanas. A misericórdia através da eleição terminará
alcançando a todos os que crêem em Cristo, aquele que abre a porta da fé para
todos (5.18-19).
VERSO 17-18 . Porque diz a
Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder,
e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.18. Logo, pois,
compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.
O
versículo 17 é uma citação de Ex 9.16; o versículo 18 é a conclusão obtida da
referida citação.
Está
registrado que Faraó endureceu o coração (Ex 8.15,32; 9.34). E está registrado
também que
Deus
endureceu o coração dele (Ex 4.21; 7.3; 9.12; 10.20,27; 11.10). Este exemplo é
usado para mostrar a soberania de Deus
Temos
no (v. 18) Paulo dizendo que Faraó é responsável por sua escolha. Deus usa a
arrogância e obstinação pessoal do Faraó para cumprir a Sua vontade para Israel
(v. 18).
Também
note que o propósito das ações de Deus com Faraó foram redentivas e inclusivas
na sua abrangência. A intenção delas era:
1. Mostrar o poder de Deus (contra os deuses egípcios);
2. Revelar Deus ao Egito e, por implicação, a toda a terra (v. 17).
O
pensamento ocidental (americano) magnífica o indivíduo, mas o pensamento oriental
focaliza a
necessidade
de ver o aspecto coletivo. Deus usou Faraó para revelar a Si mesmo para um
mundo necessitado e fará o mesmo com o Israel incrédulo (capítulo 11). Neste
contexto, os direitos do indivíduo (ou de grupos pequenos) diminuem, à luz da
necessidade coletiva. Vale lembrar os exemplos de tratamento pelo interesse coletivo
maior, no VT:
1.
Os primeiros filhos de Jó morreram depois da discussão de Deus com Satanás (Jó
1-2);
2.
Os soldados de Israel morreram por causa do pecado de Acã (Js 7);
3.
O primeiro filho de Davi com Batseba morreu por causa do pecado de Davi (2 Sm
12.15).
Todos
somos afetados pelas escolhas e decisões de outros. Este aspecto corporativo
pode ser visto no NT, em Rm 5.12-21.
FONTE DE PESQUISA
Biblia sagrada
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