sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Calvinismo, Arminianismo ou dispensacionalismo?


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De que lado devo estar?

Nunca se escreveu se falou ou se ouviu tanto sobre o tema em epigrafe como nos dias atuais. A explicação para essa avalanche de informações, discussões, defesas e ataques a cada uma dessas vertentes, talvez se deva ao fato de historicamente estarem completando os 500 anos de comemoração do que chamam “reforma protestante” nesse ano de 2017.
Cada linha de pensamento se julga “os senhores da verdade absoluta” e muitas vezes em tom nada conciliador, nem tão pouco espiritual. Se atacam, se digladiam através das redes sociais, havendo pregadores que chegam às raias da insanidade, utilizando se dos púlpitos de suas igrejas, para em nome de uma pseudo verdade cometerem agravos contra irmãos em Cristo, somente pelo fato de divergirem em algum desses quesitos.
Eu, particularmente, creio que o fato de não comungarmos da mesma forma de pensar acerca de qualquer que seja o tema, não deveria ser razão para discussões e debates que não levarão a lugar algum.
As manifestações acaloradas sobre o assunto me remetem aos tempos da igreja de Corinto, quando o apóstolo Paulo advertiu os irmãos daqueles dias quanto aos motivos que os tornavam cada vez mais facciosos. (1 Coríntios 3: 1-11) E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. 2 Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, 3 Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? 4 Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? 5 Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? 6 Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. 7 Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 8 Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. 9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. 10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. 11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
Afinal o que vem a ser Calvinismo, Arminianismo e Dispensacionalismo?
Calvinismo - Conjunto de ideias e doutrinas criadas por João Calvino, (1509-1564) teólogo e reformador cristão, e seus seguidores. Um dos nomes que participou da Reforma protestante e que defendia e divulgava uma linha de interpretação bíblica.
Arminianismo - Uma escola de pensamento soteriológica, criada a partir das  ideias de Jacobus Arminius (1560 - 1609) e seus seguidores históricos, os remonstrantes que defendia e divulgava uma linha de interpretação bíblica.
Dispensacionalismo - O dispensacionalismo é uma doutrina teológica cristã, dita elaborada por John Nelson Darby (1800-1882) que defendia e divulgava uma linha de interpretação bíblica.
OU SEJA: Calvinismo, Arminianismo e Dispensacionalismo, nada mais são do que ideias diferentes uma das outras,  sobre os mais variados assuntos bíblicos, defendidos por eruditos que serviram cada um na sua época e nos seus lugares de origem.
Quem estava certo ou errado? Quem estava com a razão interpretativa das escrituras? Será que existe argumentação bíblica que sustente quem de fato está coberto de razão em suas formas de pensar? Não há como responder. Primeiro: Porque todos esses homens, embora sendo cristãos, estavam sujeitos a falhas. Eram limitados. Segundo: Muito dos assuntos registrados nas escrituras, não são claros e portanto de difícil compreensão. O próprio Deus, em sua palavra, não deixou claro muitos dos assuntos para uma compreensão exata, daí a razão de podermos apenas fazermos conjecturas.
Quando a bíblia, a palavra de Deus, não é clara sobre determinados assuntos o próprio Deus nos ensina em (Deut 29:29) a deixarmos com Ele. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.
A única coisa que podemos afirmar, sem nenhum receio, é que em qualquer uma das linhas ou ideias, sejam elas: de Calvino, Arminio ou Darby, existem erros e acertos e que não merecem à luz da bíblia ser de TODO desprezada nem no TODO acatada.
Recentemente ouvi de um pregador, no uso da “Santa Tribuna” em um ajuntamento cristão, afirmar que o dispensacionalismo é heresia e, portanto deve ser rejeitado. Em sua argumentação ficou evidente sua preferência e predileção por outra vertente interpretativa que não a que ele criticava. Afirmar que um método de interpretação bíblica contém erros é uma coisa, mas afirmar que é uma heresia é retroceder no progresso cristão e voltar às práticas dos irmãos da igreja de Corinto, quando no sentimento faccioso e carnal tentavam colocar o homem acima do CRISTO Ressurreto.
Transito com facilidade e respeito no meio de quaisquer linhas ou vertentes interpretativas sem prejuízos para minha vida espiritual e sem também semear a discórdia. Para isso basta aplicarmos o que Paulo ensinou aos crentes de Tessalônica: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. (1ª Tes 5:19-23).
Tenho em minha biblioteca livros e comentários bíblicos de eruditos, grandes servos de Deus do passado e do presente, de todas as linhas e vertentes interpretativas dentro do que consideramos “cristãos autênticos” e tenho estudado a bíblia e realizado pesquisas, procurando aplicar à minha vida, os ensinos apostólicos que é: examinar tudo e extrair para o meu proveito apenas o que é bom.
Concluo pensando que se aqueles considerados no meio cristão, como os grandes teólogos, do passado e do presente, nunca conseguiram fechar questão, afinar o discurso no que diz respeito a assuntos não tão claros no escopo bíblico escrituristico, certamente nós, “pequenos servo do Senhor” por essa geração não temos a obrigação de compreendê-las e nem tão pouco temos o direito de julgar, subestimar ou até mesmo desprezar aqueles que escolheram um lado para estar ou para crer.
O que temos que ter em mente e disso nunca podemos nos afastar é sobre as doutrinas básicas de nossa fé e  salvação, o modo como podemos ser salvos e habitar a eternidade com Cristo.
As formas diferentes de entendermos determinados assuntos, que não nos levam ao céu nem nos tira de lá, nunca deverão constituir em um problema que nos impeça a comunhão e um saudável convívio cristão, pois o apóstolo Paulo nos ensina: (Rom 12:18) “Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”.  
A Deus somente seja a glória.
MdC