De que lado
devo estar?
Nunca
se escreveu se falou ou se ouviu tanto sobre o tema em epigrafe como nos dias
atuais. A explicação para essa avalanche de informações, discussões, defesas e
ataques a cada uma dessas vertentes, talvez se deva ao fato de historicamente estarem
completando os 500 anos de comemoração do que chamam “reforma protestante”
nesse ano de 2017.
Cada
linha de pensamento se julga “os senhores da verdade absoluta” e muitas vezes
em tom nada conciliador, nem tão pouco espiritual. Se atacam, se digladiam
através das redes sociais, havendo pregadores que chegam às raias da
insanidade, utilizando se dos púlpitos de suas igrejas, para em nome de uma
pseudo verdade cometerem agravos contra irmãos em Cristo, somente pelo fato de
divergirem em algum desses quesitos.
Eu,
particularmente, creio que o fato de não comungarmos da mesma forma de pensar
acerca de qualquer que seja o tema, não deveria ser razão para discussões e
debates que não levarão a lugar algum.
As
manifestações acaloradas sobre o assunto me remetem aos tempos da igreja de
Corinto, quando o apóstolo Paulo advertiu os irmãos daqueles dias quanto aos
motivos que os tornavam cada vez mais facciosos. (1 Coríntios 3: 1-11) E eu, irmãos, não vos pude falar como a
espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. 2 Com leite vos
criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora
podeis, 3 Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas
e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? 4
Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois
carnais? 5 Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais
crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? 6 Eu plantei, Apolo regou;
mas Deus deu o crescimento. 7 Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o
que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 8 Ora, o que planta e o que rega são
um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. 9 Porque nós
somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. 10
Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo.
Afinal
o que vem a ser Calvinismo, Arminianismo e Dispensacionalismo?
Calvinismo - Conjunto de ideias e doutrinas criadas por João
Calvino, (1509-1564) teólogo e reformador cristão, e seus seguidores. Um dos
nomes que participou da Reforma protestante e que defendia e divulgava uma
linha de interpretação bíblica.
Arminianismo - Uma escola de pensamento soteriológica, criada a
partir das ideias de Jacobus Arminius
(1560 - 1609) e seus seguidores históricos, os remonstrantes que defendia e
divulgava uma linha de interpretação bíblica.
Dispensacionalismo - O dispensacionalismo é uma doutrina teológica
cristã, dita elaborada por John Nelson Darby (1800-1882) que defendia e
divulgava uma linha de interpretação bíblica.
OU
SEJA: Calvinismo, Arminianismo e Dispensacionalismo, nada mais são do que
ideias diferentes uma das outras, sobre
os mais variados assuntos bíblicos, defendidos por eruditos que serviram cada
um na sua época e nos seus lugares de origem.
Quem
estava certo ou errado? Quem estava com a razão interpretativa das escrituras? Será
que existe argumentação bíblica que sustente quem de fato está coberto de razão
em suas formas de pensar? Não há como responder. Primeiro: Porque todos esses homens, embora sendo cristãos, estavam sujeitos a falhas. Eram limitados. Segundo: Muito dos assuntos registrados nas escrituras, não são claros e portanto de difícil compreensão. O próprio Deus, em sua palavra, não deixou claro muitos dos assuntos para uma compreensão exata, daí a razão de podermos apenas fazermos conjecturas.
Quando
a bíblia, a palavra de Deus, não é clara sobre determinados assuntos o próprio
Deus nos ensina em (Deut 29:29) a deixarmos com Ele. “As coisas encobertas
pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a
nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.
A
única coisa que podemos afirmar, sem nenhum receio, é que em qualquer uma das
linhas ou ideias, sejam elas: de Calvino, Arminio ou Darby, existem erros e
acertos e que não merecem à luz da bíblia ser de TODO desprezada nem no TODO
acatada.
Recentemente ouvi de um pregador, no uso da “Santa Tribuna” em um ajuntamento cristão, afirmar que o dispensacionalismo é heresia e, portanto deve ser rejeitado. Em sua argumentação ficou evidente sua preferência e predileção por outra vertente interpretativa que não a que ele criticava. Afirmar que um método de interpretação bíblica contém erros é uma coisa, mas afirmar que é uma heresia é retroceder no progresso cristão e voltar às práticas dos irmãos da igreja de Corinto, quando no sentimento faccioso e carnal tentavam colocar o homem acima do CRISTO Ressurreto.
Transito
com facilidade e respeito no meio de quaisquer linhas ou vertentes
interpretativas sem prejuízos para minha vida espiritual e sem também semear a discórdia.
Para isso basta aplicarmos o que Paulo ensinou aos crentes de Tessalônica: “Não
extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do
mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e
alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo”. (1ª Tes 5:19-23).
Tenho
em minha biblioteca livros e comentários bíblicos de eruditos, grandes servos
de Deus do passado e do presente, de todas as linhas e vertentes
interpretativas dentro do que consideramos “cristãos autênticos” e tenho
estudado a bíblia e realizado pesquisas, procurando aplicar à minha vida, os
ensinos apostólicos que é: examinar tudo e extrair para o meu proveito apenas o
que é bom.
Concluo
pensando que se aqueles considerados no meio cristão, como os grandes teólogos,
do passado e do presente, nunca conseguiram fechar questão, afinar o discurso
no que diz respeito a assuntos não tão claros no escopo bíblico escrituristico,
certamente nós, “pequenos servo do Senhor” por essa geração não temos a
obrigação de compreendê-las e nem tão pouco temos o direito de julgar, subestimar
ou até mesmo desprezar aqueles que escolheram um lado para estar ou para crer.
O
que temos que ter em mente e disso nunca podemos nos afastar é sobre as
doutrinas básicas de nossa fé e salvação, o modo como podemos ser salvos e
habitar a eternidade com Cristo.
As
formas diferentes de entendermos determinados assuntos, que não nos levam ao
céu nem nos tira de lá, nunca deverão constituir em um problema que nos impeça
a comunhão e um saudável convívio cristão, pois o apóstolo Paulo nos ensina:
(Rom 12:18) “Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os
homens”.
A
Deus somente seja a glória.
MdC