segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Teologia Unilateral Calvinismo - Arminianismo

 Recebemos recentemente uma longa carta trazendo uma prova muito clara do efeito desconcertante da teologia unilateral. O nosso correspondente está, evidentemente, sob a influência daquilo que é denominado alta teologia ou teologia calvinista. Por isso ele não consegue enxergar a razão de se convidar o não convertido para “vir”, “ouvir”, “arrepender-se” ou “crer”. Para ele é como ordenar a um marmeleiro que produza algumas maçãs para se tornar macieira.


Ora, acreditamos totalmente que a fé é dom de Deus e que não está sujeita à vontade do homem ou ao poder humano. Além disso, cremos que nenhuma alma jamais iria a Cristo se não fosse atraída a Ele, sim, compelida pela graça divina para que assim o fizesse. Portanto, todos os que são salvos devem agradecer pela graça livre e soberana de Deus por isso, e sua canção é, e sempre será, “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade.” (Sl 115:1).

Cremos nisso, não como parte de algum sistema de doutrina, mas como a verdade revelada de Deus. Por outro lado, acreditamos tão completamente, na verdade solene da responsabilidade moral do homem, na medida em que é claramente ensinada nas Escrituras, embora não a encontremos entre os chamados “cinco pontos da fé dos eleitos de Deus”. Acreditamos nestes cinco pontos, mas só até onde eles alcançam, todavia eles estão muito longe de conter a fé dos eleitos de Deus. Existem amplos campos de revelação divina que esse sistema atrofiado e unilateral não aborda e nem remotamente sugere. Onde encontramos o chamado celestial? Onde a gloriosa verdade da Igreja como o corpo e a noiva de Cristo? Onde a preciosa esperança santificadora da vinda de Cristo para receber Seu povo para si mesmo? Onde temos, naquilo que é tão pomposamente denominado “a fé dos eleitos de Deus”, o grande escopo da profecia que abriu a visão de nossas almas? Buscamos por um traço sequer dessas coisas em todo o sistema ao qual nosso amigo está ligado, porém em vão.

Será que poderíamos, ainda que por um momento, supor que o abençoado apóstolo Paulo aceitaria como “a fé dos eleitos de Deus” um sistema que deixa de lado esse glorioso mistério da Igreja da qual ele foi especialmente designado como ministro? Suponha que alguém tivesse mostrado a Paulo “os cinco pontos”do calvinismo, como sendo uma afirmação da verdade de Deus. O que ele teria dito? “O quê?! ‘Toda a verdade de Deus’? ‘A fé dos eleitos de Deus’? ‘Tudo o que é essencial para ser crido’? E ainda assim nenhuma sílaba sequer sobre a posição real da Igreja — sua vocação, sua posição, suas esperanças, seus privilégios?! Nenhuma palavra sobre o futuro de Israel?! Uma total ignorância ou, na melhor das hipóteses, uma alienação completa, das promessas feitas a Abraão, Isaque, Jacó e Davi?! Todo o corpo de ensinamentos proféticos submetidos a um sistema falsamente chamado de espiritualização, por meio do qual Israel é roubado da parcela que lhe cabe, e os cristãos arrastados para um nível terreno — e isso apresentado a nós com a pretensão de ser ‘A fé dos eleitos de Deus’?!”

Mas graças a Deus não é assim. Deus, bendito seja o Seu nome, não Se prendeu aos estreitos limites de alguma escola de doutrina, seja ela alta [calvinista], baixa [arminiana] ou moderada. Deus Se revelou. Ele expôs os profundos e preciosos segredos de Seu coração. Ele descortinou Seus conselhos eternos relativos à Igreja, a Israel, aos gentios e à criação como um todo. Os homens podem tentar confinar o oceano em baldes que eles próprios inventaram, do mesmo modo como tentam confinar o vasto espectro da revelação divina dentro dos frágeis recipientes dos sistemas humanos de doutrina. É impossível fazê-lo e jamais deveria ser tentado. O melhor é deixar de lado os sistemas e escolas de divindade e aproximar-se como uma criança da eterna fonte das Sagradas Escrituras, e ali beber dos ensinos vivos do Espírito de Deus.

Nada é mais prejudicial à verdade de Deus, mais estéril para a alma, ou mais subversivo para qualquer crescimento e progresso espiritual do que a mera teologia, seja ela alta ou baixa — calvinista ou arminiana. É impossível que alguém progrida além dos limites do sistema ao qual está ligado. Se sou instruído nos “cinco pontos” como sendo “a fé dos eleitos de Deus”, não poderei sequer pensar em buscar algo além disso, desaparecendo assim de meu campo de visão o mais glorioso campo de verdade celestial. Fico atrofiado, estreito, parcial, e corro o risco de cair naquele estado de espírito estéril e pedregoso que acaba me deixando ocupado com meros pontos doutrinários ao invés de ocupar-me com Cristo. Um discípulo da alta escola de doutrina, ou calvinista, não ouvirá falar de um evangelho anunciado a todo o mundo —do amor de Deus para o mundo — das boas novas para cada criatura sob os céus. Tudo o que terá é um evangelho para os eleitos. Por outro lado, um discípulo da baixa escola, ou arminiana, não escutará da segurança eterna do povo de Deus. Sua salvação dependerá em parte de Cristo e em parte de si mesmo. De acordo com esse sistema doutrinário, a canção dos redimidos deveria ser alterada. Ao invés de dizer apenas “Digno é o Cordeiro” seríamos obrigados a acrescentar “...e dignos somos nós”. Poderíamos estar salvos hoje, porém perdidos amanhã. Tudo isso desonra a Deus e priva o cristão de qualquer paz verdadeira.

Não escrevemos isto com a intenção de ofender o leitor, longe de nós tal pensamento. Não estamos falando de pessoas, mas de escolas de doutrina e sistemas de divindade, os quais gostaríamos sinceramente de exortar nossos amados santos a abandonarem de uma vez para sempre. Nenhum deles contém a completa verdade de Deus. Existem certos elementos de verdade em todos eles, mas a verdade geralmente está neutralizada pelo erro, e mesmo que encontrássemos um sistema que não apresentasse nada além da verdade, ainda assim ele não conteria toda a verdade. O efeito desses sistemas sobre a alma é o mais pernicioso possível, pois leva as pessoas a se gabarem de possuírem a verdade de Deus, quando na verdade possuem apenas um sistema humano parcial.

Então, volto a dizer, raramente encontramos um mero discípulo de qualquer escola de doutrina que possa encarar as Escrituras como um todo. Textos favoritos serão citados e continuamente reiterados, mas um grande corpo das Escrituras será deixado de lado como quase que totalmente impróprio. Por exemplo, tome passagens como as seguintes: Agora, porém, [Deus] notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (Atos 17:30). E mais uma vez: “[Deus] deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2:4). Assim também, em 2 Pedro, “O Senhor... é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro 3:9). E bem no final da Bíblia, lemos:  e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Apocalipse 22:17).

Devemos considerar estas passagens pelo que elas são? Ou devemos introduzir palavras qualificadoras ou modificadoras para torná-las adequadas ao nosso sistema? O fato é que elas estabelecem a grandeza do coração de Deus, as atividades graciosas de Sua natureza, o amplo espectro de Seu amor. Não está em conformidade com o coração amoroso de Deus que qualquer de Suas criaturas deva perecer. Não há, nas Escrituras, qualquer coisa que se assemelhe a um decreto de Deus consignando certo número da raça humana para a condenação eterna. Alguns podem ser entregues judicialmente à cegueira devido à rejeição deliberada da luz. (Ver Romanos 9:17; Hebreus 6:4-6; 10:26-27; 2 Tessalonicenses 2:11-12; 1 Pedro 2:8.), mas todos os que perecerem só poderão culpar a si mesmos. Todos os que chegarem ao céu terão de agradecer a Deus.

Se quisermos ser ensinados pelas Escrituras, devemos acreditar que todo homem é responsável segundo a luz que possui. O gentio é responsável em dar ouvidos à voz da Criação. O judeu é responsável no terreno da lei. A cristandade é responsável sobre o fundamento da revelação completa que está contida em toda a Palavra de Deus. Se Deus ordena a todos os homens, em todos os lugares que se arrependam, ele quer dizer exatamente o que diz. Ou será que estaria dizendo isso apenas aos eleitos? Que direito temos nós de acrescentar ou alterar, reduzir ou acomodar a Palavra de Deus? Nenhum sequer. Encaremos as Escrituras tal como são, e rejeitemos tudo o que não passar no teste. Podemos muito bem questionar a solidez de um sistema que não possa atender a toda a força da Palavra de Deus como um todo. Se algumas passagens das Escrituras parecem conflitar entre si, é só por causa da nossa ignorância. Sejamos humildes nisso e aguardemos mais em Deus para termos mais luz. Podemos agir assim, e este será um lugar moralmente seguro para ocuparmos. Ao invés de nos esforçarmos em reconciliar discrepâncias, curvemo-nos aos pés do Mestre e justifiquemo-Lo em todas as Suas palavras. Assim colheremos uma colheita de benção e cresceremos no conhecimento de Deus e de Sua palavra como um todo.

Alguns dias depois, um amigo colocou em nossas mãos um sermão recentemente pregado por um clérigo eminente pertencente à escola de doutrina calvinista. Encontramos nesse sermão, tanto quanto na carta do nosso correspondente norte-americano, os efeitos da teologia unilateral. Por exemplo, ao se referir a essa magnífica declaração de João Batista em João 1:29 — “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” — o pregador a citou assim: “O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo inteiro do povo escolhido de Deus”. Leitor, pense nisso: “O mundo do povo escolhido de Deus!” Não há uma palavra sequer sobre povo na passagem. Ela se à grande obra propiciatória de Cristo, em virtude da qual todo traço de pecado ainda será obliterado da ampla criação de Deus. Só veremos a plena aplicação daquela escritura abençoada nos novos céus e na nova terra em que habita a justiça. Limitar-se ao pecado dos eleitos de Deus só pode ser visto como fruto desse viés teológico. Não existe nas Escrituras tal expressão como “Tirar o pecado dos eleitos de Deus”. Sempre que é feita menção ao povo de Deus temos os pecados sendo levados — a propiciação pelos nossos pecados — o perdão dos pecados. As Escrituras nunca confundem essas coisas, e nada pode ser mais importante para nossas almas do que sermos ensinados exclusivamente pelas próprias Escrituras, e não pelos dogmas deformados, amassados e murchos de uma teologia unilateral.

Às vezes, ouvimos João 1:29 citado, ou melhor, deturpado por discípulos da baixa escola de doutrina, ou arminiana, desta maneira, “O Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. Se assim fosse, ninguém poderia se perder. Tal declaração proporcionaria uma base para a terrível heresia da salvação universal. O mesmo pode ser dito sobre a má tradução de 1 João 2:2, “pelos pecados do mundo inteiro”. Esta não é a tradução correta, mas uma doutrina fatalmente falsa que não duvidamos que nossos tradutores tenham repudiado tão fortemente quanto qualquer outra.* Sempre que ocorre a palavra “pecados”, refere-se a pessoas. Cristo é a propiciação para o mundo inteiro, mas o Substituto apenas para o Seu povo.  
Traduzido de "One-sided Theology - Calvinism and Arminianism" - C. H. Mackintosh.
MdC

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A CARTA DE JUDAS



A saudação. 
O autor desta Epístola não se diz apóstolo (entre os quais houve dois com o nome de Judas), mas simplesmente se chama "servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago" e, geralmente, se entende que ela foi escrita por Judas, um dos irmãos de Jesus Cristo (Mateus 13:55; Marcos 6:3) e irmão do autor da Epístola de Tiago (veja Atos 1:14;15.13).
Temos na saudação do apóstolo àqueles a quem se dirigia uma tríplice descrição dos leitores, bem como também uma tríplice benção proferida:
 Tríplice descrição dos leitores:
a) V. 1 - "Chamados" - por Deus. para a salvação (Romanos 8:30).
b) "Amados" - em Deus Pai, por serem filhos dEle (Romanos 8:15-16; 1a. João 3.
c) "Guardados" - em Jesus Cristo e por Ele; o crente esta seguro, nas mãos do Salvador (João 10:28-30).
Tríplice benção:
   a)  V. 2 - "Misericórdia" - quão essencial! (1a. João 2:1).
   b) "Paz" - a paz de Deus no coração, no meio das tribulações desta vida (Filipenses 4.7).
  c)  "Amor" - o mandamento do Senhor (João 15:12; 1a. João 4.19).
VERSÍCULOS 3-4
O perigo iminente.
Eis o motivo da Epístola. Judas achou que a mais urgente necessidade era avisar os cristãos acerca de ensinadores falsos e ímpios que já tinham entrado nas igrejas, negando o Salvador e incitando os crentes a praticarem os mais graves pecados.
Os "falsos mestres" indicados em Mateus 24:11 e em 2a. Pedro 2:1-2 já se tinham introduzido nas igrejas e os crentes tinham o dever de "batalhar" pela doutrina evangélica - isto é, manter fielmente e defender resolutamente os ensinos fundamentais e básicos da fé cristã. Aqui não se trata da fé individual que é para a salvação, mas, sim, do total dos ensinos específicos que formam o cristianismo e o distinguem do judaísmo e das demais religiões.
Já entraram nas igrejas "homens ímpios" chamando-se cristãos, mas negando duas doutrinas principais do Evangelho:
a) a divindade de Jesus Cristo;
b) a vida santa como prova da fé em Cristo - pois eles "transformaram em dissolução (libertinagem) a graça de Deus".
Judas salienta a divindade de Jesus - "nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo". Aqueles mestres" diziam "se somos salvos pela graça e não pelas obras, então podemos pecar à vontade!" - esquecendo-se que o pecador arrependido e crente em Cristo não terá "vontade" de pecar (Romanos 6.2, 17; 8.4-5; 1a. João 3 6-9).
VERSÍCULOS 5-7
O castigo dos ímpios.
Aqui Judas cita três exemplos do castigo divino, nos tempos passados:
a) Os incrédulos e rebeldes em Israel, durante os quarenta anos no deserto. A nação foi salva do Egito e consagrada a Deus pelo batismo no Mar Vermelho, em Moisés seu chefe (veja 1a Coríntios 10:2). Porém, a maioria mostrou-se incrédula e desobediente e ficou destruída em períodos sucessivos (Êxodo 33:25-28; Números 33 etc.). Veja também 1a. Coríntios 10:5-8.
b) Anjos. A referência aqui é misteriosa, sendo semelhante à de 2a. Pedro 2:4. Os anjos rebeldes serão julgados, junto com Satanás, no fim do Milênio (Apocalipse 20:10).
c) Sodoma e Gomorra. Os habitantes destas cidades praticavam toda perversidade sexual (Gênesis 19:5, 8; veja também Romanos 1:27) O fogo que os destruiu é tornado como profético do fogo eterno reservado para todos os ímpios (Apocalipse 20.14-15).
VERSÍCULOS 8-11
Mestres ímpios.
Eis uma descrição detalhada dos ensinadores apóstatas que entraram nas igrejas:
a) São indisciplinados. Não reconhecem autoridade superior, na família, na igreja ou no país; praticam a fornicação; rejeitam o ensino apostólico e difamam governos (v. 8). Mesmo Satanás, sendo de posição superior no mundo angélico, não foi injuriado pelo arcanjo Miguel (este incidente é mencionado somente aqui; porém, essa gente zomba do que não entende e moralmente se comporta pior do que os animais.
b) No v. 11 os apóstatas são comparados com Caim, Balaão e Coré.
O primeiro Caim, não governou suas paixões - ciúmes e raiva;
Balaão, pelo amor ao dinheiro, desobedeceu a Deus e depois fez que o povo pecasse gravemente (Números 25:1-9- 31:8, 16);
Coré difamou a Moisés e a Arão e rebelou-se contra eles (Números 16).
VERSÍCULOS 12-16
Ensinadores perigosos.
a) Uma sétupla descrição do caráter destas pessoas (vs. 12-13).
São como "rochas submersas" perigosas para navios;
São "glutões" nas festas da igreja;
São "pastores interesseiros";
São como "nuvens sem chuva e sem direção".
São inúteis como "árvores infrutíferas" que são marcadas para serem destruídas;
São como "ondas bravias do mar" que sujam as praias com o lixo que depositam;
São "estrelas sem rumo", dirigindo-se para as trevas eternas.
b) Estas pessoas foram previstas por Enoque, na sétima geração depois de Adão (Gênesis 5:21-24); ele "andou com Deus" e mesmo antes do Dilúvio predisse a Vinda do Senhor para julgar os ímpios conforme as suas obras e as suas palavras. Note que esta profecia não está mencionada em Gênesis, mas (como a contenda entre Miguel e Satanás no v. 9) foi confirmada pelo Espírito ao escritor desta Epístola.
c) As palavras dos apóstatas são murmurações, arrogâncias e adulações e as suas obras são o fruto da carnalidade, impureza e ganância (v. 16).
VERSÍCULOS 17-25
Ensinos espirituais:
a) Judas dirige-se novamente aos crentes - "Vós porém, amados" - como também no v. 20 Adicionalmente a profecia de Enoque, os apóstolos já tinham avisado a igreja acerca dos "mestres" ímpios. Aqui Judas cita textualmente as palavras de Pedro (2a. Pedro 33) e há referência também a Romanos 16:17-18 e a 2a. Timóteo 3:1-8. Provavelmente todos os apóstolos ensinavam estas coisas no seu ministério entre as igrejas; veja Atos 20.29-31.
b) Os "pastores ímpios" não têm o Espírito Santo (v 19) - pois nunca se converteram a Cristo. nunca nasceram de novo. São "sensuais sem percepção espiritual" e causam divisões entre os cristãos; fundam "igrejas" e "congregações" que são deles mesmos e não de Cristo.
c) Vemos aqui a maneira de "batalharmos pela fé" para mantermos nas igrejas a sã doutrina e a conduta digna do Senhor (vs. 20-23). O escritor indica quatro meios de conseguir-se este fim:
1. Edificação na "vossa fé santíssima" (v 20) Isto se faz pelo estudo da Palavra e pela obediência a seus ensinos. Crentes que negligenciam as reuniões para estudo bíblico e para ministério da Palavra são geralmente os primeiros a serem seduzidos por falsos mestres e divisionistas, pois não são firmados nem edificados na doutrina de Cristo.
2. Oração. Aqui se contempla a igreja reunida em oração; os que regularmente se ausentam destas reuniões, raras vezes são crentes dados a oração particular em casa!… Porém, a oração "no Espírito Santo" é realmente a maior proteção contra o falso ensino e a carnalidade.
3. Firmeza no amor de Deus (v. 21). Esse amor foi mostrado no Evangelho da nossa salvação: "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito" (João 3:16) - "Pela graça sois salvos mediante a fé" (Efésios 2:8). Esperamos a Vinda do Senhor e a perfeição da nossa redenção (Romanos 8:18, 23). Somos salvos para a santidade, não para o pecado.
4. Compaixão para crentes fracos e enganados (vs. 22-23). Em vez de censurá-los, esforcemo-nos para guardá-los na fé. orando por eles, aconselhando-os com amor. Quanto aos que parecem já perdidos, seguindo o pecado (embora ainda chamando-se cristãos, "mais liberais"), tenhamos dó dos tais, porém, cuidando de nós mesmos, separando-nos inteiramente do mal.
A doxologia (vs. 24-25). A Epístola termina com uma notável peroração de louvor a Deus "Àquele que é poderoso para guardar e apresentar": guardar de tropeçar e apresentar perfeitos diante do Seu trono. No v. 25, eterno louvor ("antes de todos os séculos, e agora, e por toda a eternidade") se oferece ao "único Deus. Salvador nosso" mediante "Jesus Cristo, Senhor nosso" - palavras que nos mostram tanto a unidade de Deus, como a igualdade de Jesus Cristo com Deus o Pai.
Assim finda esta Epístola curta, mas importante e solene. Como temos visto (v. 4), os libertinos entraram nas igrejas nos tempos apostólicos. Durante os séculos da Idade Média, o seu joio estragou quase completamente a moralidade e a espiritualidade do cristianismo. Hoje em dia, há pregadores e seitas inteiras que negam "a fé uma vez dada aos santos" que é a palavra completa de Deus, desprezando a autoridade da Bíblia e relaxando assim o padrão cristão de moralidade e de piedade.

Sejamos vigilantes. Sejamos fieis. Sejamos santos, em toda a nossa maneira de viver.
Copilado por MdC
autor
Richard Dawson Jones (1895 - 1987)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

SOBRE A IGREJA DO SENHOR JESUS E OS LIDERES NOS DIAS ATUAIS




Neemias 6:3 “Por isso enviei-lhes mensageiros com esta resposta: "Estou executando um grande projeto e não posso descer. Por que parar a obra para ir encontrar-me com vocês? "
Esse verso nos sugere a possibilidade de refletirmos de forma profunda e ao mesmo tempo oportuna sobre o momento eclesiástico da Igreja na atualidade.  O contexto histórico em que está inserido as palavras de Neemias apresenta elementos suficientes para perceber a grandeza do caráter dele como líder do povo de Deus, em razão das circunstâncias humilhantes que o povo estava a passar.
Havia da parte de Neemias algumas características que pretendo destacar:
1ª EMPENHO – Havia por parte desse Líder uma grande disposição; um extremo interesse pela obra do Senhor. Ele compreendia o tamanho da responsabilidade que era liderar. Daí a razão de seu empenho.  
2ª SACRIFICIO PESSOAL – A palavra de Deus afirma que naquele tempo Neemias era copeiro do Rei (Ne 1:11). Ele não era qualquer empregado, ele era o copeiro, o homem que experimentava a bebida do rei para protegê-lo de ser envenenado. Para ter tal posição, ele deve ter trabalhado muito.
Neemias se dispôs a abrir mão de tão elevada posição e por que não dizer abrir mão do status, de copeiro do rei, para se empenhar na realização do propósito de Deus,
Assim era um líder do povo de Deus no passado e sem dúvida é o que Deus espera daqueles que se dizem vocacionados à liderança: Empenho e Sacrifício Pessoal. Neemias agiu assim na restauração moral, material e espiritual do Seu povo. Deixou seu emprego,deixou tudo e se empenhou com dedicação exclusiva.
CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE NEEMIAS DEIXOU TUDO
Neemias fez tudo isto em meio a muitas adversidades:
1º A oposição era ferrenha e vinha de todos os lados, não só dos inimigos declarados (porém intentavam fazer-me mal, (Ne.6:2), 
2º A oposição vinha também de seus compatriotas, que não compreendiam os propósitos de Deus para o seu próprio benefício, nem o modo como Deus estava a atuar por meio do fiel instrumento chamado Neemias.
Neemias fez uma solene declaração: “Estou fazendo grande obra, de modo que não poderei descer”. Essa declaração foi feita quando de maneira ardilosa foi instigado a abandonar o projeto de Deus, em que estava envolvido, com os seus poucos, PORÉM, fiéis companheiros, e que visava à restauração material, moral e espiritual do Seu povo.
O diabólico trio Gesém, Sambalá e Tobias destilavam seus ardis! Achavam que o grupo liderado por Neemias era fraco, não tinham recursos para levar a bom termo um empreendimento de tamanha envergadura.
Os argumentos pareciam lógicos e razoáveis, mas não tinham qualquer fundamento e não deveriam prevalecer. O critério de avaliação que faziam baseava-se, apenas, na perspectiva do homem. Não consideravam as possibilidades divinas com que Neemias e o seu grupo contavam.
A P.D ensina que o critério de Deus foge a lógica humana: “Deus escolheu as coisas loucas de mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes" (1Co.1:27). Paulo, ainda, ensina, com a força da sua experiência de dor e sofrimento: "Mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo... Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2Co.12:9-10).
Deus não muda os Seus projetos, ainda que nos pareçam inviáveis. Não é razoável querer “dar uma ajudinha” a instrumentalidade que Deus estabeleceu para realizar o que se propôs fazer.  Neemias manifestou essa certeza em três aspectos. Veja o que ele disse:
·      ESTOU FAZENDO”. Estava envolvido por Deus no que fazia e fazendo da maneira como Deus queria. Neemias não era um líder que comparecia somente aos domingos pela manhã e a noite ou simplesmente mandava ordens, ELE ESTAVA FAZENDO. É isso o que importava.
·      GRANDE OBRA. Ele tinha convicção da grandeza da obra em que estava envolvido. Não grande no sentido quantitativo, mas grandeza no caráter da obra, apesar do conceito diferente que os seus opositores tinham.
·      NÃO DESCEREI”. Neemias tinha convicção de que não devia aceitar alternativa para chegar ao bom resultado, em razão das opiniões negativas dos seus opositores a respeito do que fazia e do modo como fazia. Nada podia dissuadi-lo.
Manteve a identificação necessária com DEUS e com o MODELO de trabalho. Recusou o que chamavam de “auxilio” ou “ajuda” externa.
Devemos, assim como o líder Neemias, sermos cuidadosos para não aceitar propostas para a realização da obra do Senhor que não o MODELO por ELE deixado em sua palavra. Não devemos descer, nunca, saindo do MODELO do Senhor. Devemos valorizar a igreja, que é o meio deixado pelo Senhor para a Sua grande obra, desde o seu início. Esse aspecto da convicção de Neemias PRESERVAVA A SUA IDENTIDADE DE LIDER SEGUNDO A PERSPECTIVA DIVINA.
O versículo em questão ilustra a realidade da Igreja dos nossos dias! Podemos perceber que a Igreja, que é o único projeto de Deus para a realização do Seu propósito no mundo, está se afastando de Deus e da bíblia, está perdendo a perspectiva correta do MODELO deixado por Deus em sua palavra e, conseqüentemente, a sua IDENTIDADE.
A igreja e sua liderança, assim como Neemias, não precisam de outros meios e formatos, como alternativas de “auxílio” ao sublime e eficaz ministério designado por Deus.
A Igreja não é uma organização humana, mas um organismo espiritual. Não é uma formulação societária burocrática secular, mesmo que denominada “sociedade religiosa sem fins lucrativos”, mas é uma instituição de Deus!
Desde que as alternativas humanas começaram a infiltrar-se no seio da igreja, o trabalho espiritual foi deturpado, tendo como conseqüência sérios desvios da Verdade e a Obra do Senhor extremamente prejudicada.
O MODELO de Deus para o exercício de seu ministério aqui na terra continua sendo a Igreja. Deus não tem alternativo, não porque que ELE seja limitado, mas porque assim determinou que fosse:
■ Jesus afirmou que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja (Mt.16:18). 
■ É o senhor quem edifica e usa a igreja. 
■ O Espírito Santo continua sendo o Vigário da igreja, atuando, com poder, através dos seus membros, suprindo-os, com os dons para o exercício do seu ministério. 
■ Cristo é o Cabeça da Igreja. 
■ A Palavra de Deus é a sua “regra de fé e prática”, que orienta e capacita.
■ O governo da igreja ainda é através do Presbitério, pluralista, constituído pelo Espírito Santo e reconhecido pela própria Igreja (At.20:28; 1Tm.3:1-7; Tt.1:5-9; 1Pe.5:1-4).

De que mais a Igreja e os lideres constituídos por Deus precisa para cumprir a sua vocação celestial?
De FIDELIDADE! Que a igreja de nossos dias, bem como o verdadeiro líder possa como Neemias apresentar as alternativas: “Não poderei descer”. Sim, que não desçam um degrau sequer, da posição e atuação validadas pelo Senhor Jesus que não se distraiam nem se desviem dos alvos do Senhor.
A Deus somente seja a glória.
Adaptado por Roney Miguel
MdC