A CAMINHO DO APOCALIPSE
“Vi, quando Ele abriu o sexto sêlo. Então, aconteceu um enorme
terremoto. O sol ficou escurecido como coberto com roupa de luto, e toda a
luase tornou vermelha como se estivesse ensanguentada; e as estrelas do
firmamento cairam sobre a terra, como figos verdes derrubados da figueira por
um terrivel vendaval.” Apc 6:12-13
Este capítulo é
encerrado com uma angustiante pergunta: “é chegado o grande dia da ira de Deus,
quem poderá subsistir?” (v. 17). Esse “dia”insistentemente citado tanto no
Antigo como no Novo Testamento a humanidade e até mesmos aqueles que se dizem
cristãos não acreditam na sua chegada, tendo-o como um mito, uma lenda
religiosa, pois Deus jamais, dizem eles, causaria tão grande mal à Sua criação,
por ser Ele misericordioso, bondoso, amoroso, dentre outros qualificativos.
Porém, enganam-se os que assim pensam, na verdade não conhecem o Deus
Todo-Poderoso e a Sua Justiça. Isto me traz à lembrança o oráculo de um antigo
profeta: “Na terra não há conhecimento de Deus... o meu povo está sendo
destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Oseias 4:1,6). É importante notar
que o texto em epigrafe traz uma notícia de Deus fazendo justiça sobre toda a
terra e Ele não fará justiça com aqueles que um dia foram justificados pela fé
em Jesus Cristo (Rom 5:1). Portanto esses acontecimentos não terão lugar na
terra, enquanto a igreja (noiva de Cristo) ainda aqui estiver.
Dentre os profetas que
vislumbraram esse “dia”, Sofonias foi aquele que recebeu da parte de Deus um
resumido compêndio dessa profecia. Revela-nos o inspirado profeta: “O grande
dia do Senhor está perto; sim, está perto, e se apressa muito... Aquele dia é dia
de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação,
dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, dia de trombeta
e de alarido... E angustiarei os homens, e eles andarão como cegos, porque
pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne
como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da
indignação do Senhor; mas pelo fogo do seu zelo será devorada toda a terra;
porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e
apressada” (Sofonias 1:14-18). Neste capítulo, o sexto de Apocalipse, iniciamos
a grande jornada rumo à Grande Tribulação determinada para este mundo desde a
antiguidade.
A visão de João é
fantástica! Seus olhos estão fixados no Senhor Jesus a Quem tanto amou quando
aqui esteve. Ele está a contemplar a única Pessoa que poderia romper os selos
daquele tão importante Livro, e assim haverá o início do juízo de Deus sobre
toda Terra. Nesse instante será reiniciada a contagem de tempo estabelecida por
Deus – 7 anos –, dar-se-á o início da septuagésima semana de Daniel (9:26-27).
Ao ser rompido o
primeiro selo ouvem-se as poderosas vozes dos quatros seres viventes dizendo
“vem” a quatro cavaleiros (v. 1). Em algumas versões equivocadamente é
acrescido o verbo “ver” (vem e vê), como se o convite fosse para João, mas isso
não consta no manuscrito grego, pois, de fato, essas chamadas são para esses
simbólicos cavaleiros.
O primeiro cavaleiro a
subir por sobre a Terra está montado em um cavalo branco, tendo um arco na mão,
uma coroa na cabeça e saiu para vencer (v. 2). As características deste
personagem levam muitos a uma falsa conclusão de que se trata do Senhor Jesus
voltando para estabelecer um período longo de paz em Seu reino milenar. Compare
com o engano mencionado pelo Senhor Jesus em Mateus 24:5.
Sem dúvida, um grave
equívoco. Nesse exato momento o Senhor Jesus estará abrindo os selos do juízo
de Deus no céu, logo não poderá estar na Terra; é impossível aceitar o
argumento de que o Senhor Jesus terá que aguardar o comando de um dos seres
viventes para entrar em ação, pois o inverso é absolutamente verdadeiro; a
vinda do Senhor Jesus está estabelecida para pôr fim a Grande Tribulação e não
ao início dela (Apocalipse 19:11-21).
A confusão estabelecida
é pela cor branca da montaria desse cavaleiro que transmite a ideia de paz,
entretanto a vinda do Senhor Jesus, também simbolicamente montado em um cavalo
branco, está revelada em Apocalipse 19:11, quando aqui virá exatamente para
derrotar o cavaleiro deste sexto capítulo – o anticristo –, que surgirá
aparentando ser o Messias prometido a Israel e enganará a quase todos ao acenar
um breve período global de paz. Na verdade se trata do “príncipe que virá”
sobre a “asa das abominações” e fará um “pacto firme” com muitos por sete anos,
mas na metade desse tempo ele mostrará o lado nada atraente da sua face (Daniel
9:26-27).
Com a abertura do
segundo selo vemos agora o cavaleiro sobre um cavalo vermelho (vs. 3-4) cujo
objetivo é o de tirar a aparente paz existente na terra. Em vez do “arco sem
flecha” do cavaleiro anterior, este agora carrega uma “grande espada” que fará
com que os homens se matem uns aos outros em sangrentas batalhas. Nada
diferente daquilo que já havia predito o Senhor Jesus: “porquanto se levantará
nação contra nação, e reino contra reino”(Mateus 24:7), assim como Paulo em 1
Tessalonicenses 5:1-3... “Mas, irmãos, acerca dos tempos e das épocas não
necessitais de que se vos escreva: porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o
dia do Senhor virá como vem o ladrão de noite; pois quando estiverem dizendo:
Paz e segurança! então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de
parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão”.
Com tamanha beligerância
sobre a Terra, sob o comando do homem da iniquidade, naturalmente ocorrerão a
escassez de alimentos e a pestilência generalizada que estão representadas
pelos dois próximos cavaleiros que surgirão com a abertura do terceiro e quarto
selos. O do cavalo preto carrega na mão uma balança, símbolo da carestia, a
indicar que haverá um imenso racionamento de alimentos (vs. 5-6). Sem dúvida
serão tempos assombrosamente difíceis que se agravarão com a vinda do
“cavaleiro da Morte”, que está sobre o cavalo amarelo e aniquilará uma quarta
parte dos viventes sobre a terra. Hoje seria algo acima de 1 bilhão e 700
milhões de almas (vs. 7-8). Quanto tempo se levaria somente para enterrar essa
imensa quantidade de mortos?
Permita-me, agora, uma
pausa. Ao ler até aqui você por certo está a pensar: “Ufa! Ainda bem que fui
alcançado pela graça de Deus e estou livre dessas tragédias, pois antes dessas
coisas acontecerem o Senhor Jesus virá buscar aqueles que são Seus, dentre eles
eu”. Você está certo ao pensar assim, todavia você tem a mesma certeza a
respeito dos seus parentes mais próximos? Ou daqueles que estão ao seu lado?
Sem falar naqueles que são mais distantes. Por isso insisti desde os inícios
desta série acerca da gravidade em se menosprezar o estudo do conteúdo deste
tão importante Livro que nos revela com bastante antecedência o porvir. Através
dele realmente fazemos uma viagem no tempo.
Continuemos em nossas
apreciações. A abertura do quinto selo leva João a mudar de visão, agora está
novamente voltada para a morada de Deus. Lá ele vê, debaixo do altar, as almas
daqueles que morreram por causa da Palavra de Deus e foram vindimados por causa
do testemunho dado durante o período da terrível tribulação a vir sobre a Terra
(v. 9). Verdadeiramente o anticristo será cruel ao extremo com aqueles que não
lhe prestarem culto e obediência. Aquelas almas clamarão ao Senhor com
veemência, suplicando para seja colocado um fim a tanta crueldade (v. 10), elas
serão consoladas e orientadas para que aguardem o tempo estabelecido por Deus
(v. 11).
Muitas coisas ainda
estarão por acontecer, sobremodo horríveis, pois estamos diante dos
acontecimentos iniciais que antecedem ao “grande e terrível dia do Senhor, quem
o poderá suportar” (Joel 2:11). Se esses dias não fossem abreviados, “nenhuma
carne se salvaria”, diz o Senhor Jesus em Mateus 24:22. Estes acontecimentos,
até aqui, são “o princípio das dores”(Mateus 24:8), portanto ainda haverá na
Terra muito sofrimento nesse período de enorme angústia.
A seguir é aberto o
sexto selo. Grandes distúrbios cósmicos acontecerão e por certo afetarão o
campo magnético da Terra esmagando a sua crosta provocando uma sucessão de
terremotos. O primeiro deles é aqui citado como “grande” (v. 12), dando a
entender que será em escala mundial. Nunca é demais lembrar que dados estatísticos
dão conta que o número de terremotos tem duplicado a cada dez anos, o que
revela que as placas tectônicas terrestres estão sobre forte pressão.
Nos versículos 12 a 14 a
Terra é tremendamente sacudida, o sol escurece, a lua adquire uma coloração
nunca dantes vista, as estrelas despencam sobre o globo terrestre numa clara
demonstração do catastrófico juízo divino sobre este mundo sem Deus. Cumpre-se
assim a profecia de Joel: “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue,
antes que venha o terrível dia do Senhor” (Joel 2:31).
Esse transtorno
astronômico foi claramente asseverado pelo Senhor Jesus:“Logo depois da
tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as
estrelas cairão dos céus e os poderes dos céus serão abalados”(Mateus 24:29).
Os acontecimentos dramáticos contidos no versículo 14 também nos remetem a
Isaías 34:4... “E todo exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará
como um livro; e todo o seu exército se desvanecerá, como desvanece a folha da
vide e da figueira”. O imenso cataclismo removerá os montes e as ilhas de seus
lugares, revelando que essas catástrofes atingirão toda a Terra.
Literalmente a Terra
estará sendo varrida. Tanto os acontecimentos cósmicos como os terrestres
levarão os seres humanos ao entendimento que Deus está a intervir de forma
drástica em todo universo. Eles perceberão que estão diante de um enfretamento
com o Todo-Poderoso e com a ira do Cordeiro (v. 16). A humanidade procurará por
lugares inóspitos para se esconder, mas não achará local para se ocultar da
face de Deus (v. 15). Isaías já profetizara a esse respeito há quase três
milênios: “... se meterão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por
causa da presença espantosa do Senhor e da glória da sua majestade, quando ele
se levantar para assombrar a terra”(Isaías 2:21).
É inacreditável que em
meio a todo esse pânico, os seres humanos continuarão em sua altivez. Em vez de
humildemente suplicarem pela compaixão de Deus, eles clamarão para que os
montes e rochedos caiam sobre si para que possam se esconder de tamanha ira
divina (v. 16). A pergunta que fazem demonstra a lastimável condição espiritual
da humanidade: “Quem poderá subsistir?” (v. 17). Isto denota que não há nenhuma
esperança em suas mentes e corações.
Haverá resposta às
perguntas dos antigos profetas? “Quem poderá manter-se diante do seu furor? E
quem pode subsistir diante do ardor da sua ira?”(Naum 1:6); “Quem suportará o
dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer?” (Malaquias 3:2).
Estejamos certos que haverá naquele tempo um remanescente fiel que será poupado
pelo Deus misericordioso, que será preservado nesses dias tão tenebrosos.
Diante de tão triste
expectação, não cerremos os nossos lábios. Cabe-nos alertar aos que ainda não
creem acerca do perigo da incredulidade e da desobediência a Deus, para que
durante este tempo que aqui estivermos, que se chama “Hoje”, eles não sejam
insensíveis pelo engano do pecado e ao ouvirem a Palavra de Deus não endureçam
os seus corações (Hebreus 3:13-15). Permita Deus que assim seja!
Comentários de
Jose Carlos Jhacinto