Todos aqueles que se utilizam dos púlpitos na
igreja precisam, inquestionavelmente de um cuidado extremamente especial no
modo como os utiliza, pois dependendo da maneira como os usa, certamente estarão
a profanar a Santa Tribuna que é a plataforma de um templo dedicado ao Senhor
Deus, consagrados para exaltar unicamente o nome de Dele. Os púlpitos, não são armas deixadas pelo nosso Senhor para desferirem
golpes nos crentes como se os mesmos fossem inimigos daqueles que deles se
utilizam, nem o local apropriado para desabafos intermináveis.
Paulo, certa ocasião registrou: “se anuncio o
evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação;
porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (I Coríntios 9.16).
Os pastores Dario José e Wagner Antonio
deixou-nos uma reflexão sobre o púlpito que considero importante compartilhá-las
aqui.
Vejam:
A
palavra púlpito vem do latim pulpitum,
que traduzindo significa palco, estrado. Local de onde fala um
orador, geralmente dentro de um templo religioso. Praticamente,
todas as igrejas (protestantes ou não), se utilizam desse móvel, colocando-o no
centro da plataforma, geralmente elevada, talvez para trazer a conotação de
autoridade e centralidade. Dali,
pregadores costumam se dirigir à congregação para expor suas pregações, preleções, homilias, doutrinas,
ministrações, depois das leituras das Sagradas
Escrituras, a Bíblia.
Mas infelizmente, pastores e outros líderes estão
usando esse espaço físico (o púlpito) e o precioso tempo de que dispõem para
outras (in)utilidades, roubando, muitas vezes, a única oportunidade da semana
que têm com seus ouvintes (as ovelhas). Vejamos o quê o púlpito não é:
1 – Púlpito não é lugar de autocomiseração, onde o “pregador” fala de suas lamúrias
buscando sensibilizar os ouvintes das suas “coitadices”. Isso é
reclamação, nunca deve ser visto como pregação.
2 – Púlpito não é palco de stand up comedy, onde se conta anedotas,
piadas e estórias engraçadas, buscando arrancar risos da “platéia”. Isso é não estar sob a graça, é ser engraçado.
3 – Púlpito não é divã de analista, onde pregadores tentam aliviar sua frustrações
diárias com seus “desabafos” pessoais à Igreja. Isso não é apascentar, mas “apausentar”
ovelhas (dá paulada).
4 – Púlpito não é tribunal de júri, onde líderes procuram se defender, tentando
mostrar “a transparência” das suas ações. Isso é
falsidade maquiada de santidade.
5 – Púlpito não é lugar da “mensagem de carapuça” (mensagem que soa como uma crítica, como
feita de encomenda), quando se tenta
solucionar os problemas dos membros da congregação através de pregações
dirigidas indiretamente. Isso é pastoreio à distância.
6 – Púlpito não é lugar de fofocas, onde se expõem confidências de gabinetes pastorais e
de conversas pessoais com a membresia. Isso é assédio moral.
7 – Púlpito não é palanque político, onde candidatos têm neles, suas tribunas para
referendarem e promoverem suas campanhas. Isso é trocar o sagrado pelo comum.
8 – Púlpito não é balcão de SPC, onde se expõe e se cobra as ”dívidas” dos fieis.
Isso é afronta pessoal, não cuidado pastoral.
9 – Púlpito não é mesa de barganha financeira, onde “tentam” negociar com Deus
dízimos, ofertas e contribuição afins. Isso é pressão psicológica, não
exposição teológica.
10 – Púlpito não é lugar para palestras motivacionais ou de autoajuda, onde os
ouvintes buscam ouvir o que desejam. Isso é alimentar o povo com “fast food”
e não com alimento sólido.
Os pregadores não
têm se portado à altura do ofício divino da pregação bíblica. Logo, por força
dessa falta de valores as congregações têm perdido sua identidade cristã,
tornando-se auditório comum e secular.
Gostaria de
destacar alguns valores que certamente deveriam estar presentes nos púlpitos
cristãos, princípios que fariam com que a pregação fosse muito mais relevante,
eficaz e qualificada. Há muitas outras razões, mas o espaço não nos permite
desenvolvê-las.
1) Sermões devem
ser cristocêntricos - O tema de uma pregação não deve ser
"matar um leão por dia", "vencendo o monstro da depressão",
mas sim a pessoa de Deus e Sua imensa graça. Para ouvir mensagens de auto-ajuda
nós buscamos palestras ou compramos livros; púlpitos de igrejas devem
falar de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, da graça, da alma, da vida eterna,
e não de efemeridades meramente psicológicas. "Mas para os que são
chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e
sabedoria de Deus. "(1Co 1:24)
2) Pregadores devem
ter postura - Está em voga o abandono da gravata e tudo o
que lembre formalismo. Então vemos nos púlpitos pregadores que buscam não se
parecer com pregadores. Uns vão com camisas de times de futebol, outros com
roupas de piquenique, outros ainda nem sequer se preparam. Quem sofre é o
púlpito, que vira algo irrelevante e desprezível.
Assim como se
espera um governo digno e elegante, ou um médico e bombeiro bem fardados,
também se espera que o pregador poste-se digna e solenemente no exercício da
pregação da Palavra de Deus. Elegância, simplicidade, humildade: quesitos que
valorizam o púlpito.
3) As mensagens
devem ter linguagem sadia - Que tristeza
ver um pregador que não sabe falar português! Que incômodo ouvirmos mensagens
cheias de gírias e palavras deselegantes! Um bom sermão deve ser simples,
de linguagem clara e compreensível, sem ser inadequada, inconveniente,
deselegante. O pregador deve ser correto no uso da linguagem. "Linguagem
sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal
que dizer de nós." (Tt 2:8)
4) Pregadores não
devem obrigar o auditório a interagir – Que deselegância
e inconveniência a atitude de pregadores que, por falta do que dizer,
interrompem o sermão e determinam: "vire pro seu irmão ao lado e
diga...". Isso é mediocridade e falta de argumento. Cristo nunca usou
desse artifício barato. A resposta ao sermão deve vir da alma que se propõe a
praticar o que aprende, não de um auditório adolescente que entra num jogo de
falar e escutar. Quem prega a Bíblia com conteúdo não precisa dessa
banalidade. "Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de
tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina."
(2Tm 4:2)
5) Púlpito não é
lugar para política - Há sermões que descem do Céu para tomarem as
bandeiras das lutas sociais. Transformam o auditório bíblico em palanque de
lutas partidárias ou ideológicas. Quando não, em época de eleições, cedem seus
púlpitos para que políticos dêem seus recados. Isso é adultério espiritual. Para
os políticos existem as tribunas. Para os pregadores os púlpitos. Política
cuida do Reino do Mundo; Igreja cuida do Reino de Deus. "E Jesus,
respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus. E maravilharam-se dele." (Mc 12:17)
6) O púlpito deve
ser o terminal de um processo, não o início -
Pregadores que não
se preparam, que não oram, que não organizam suas idéias antes da pregação
geralmente oferecerão muito pouco e suas mensagens não seguirão por dez minutos
depois de seu término. Sermões eficazes começam de joelhos. Boas pregações
são pensadas por longo tempo. São fruto de pesquisa, de estudo, de erudição, de
preparo, mas, principalmente, da graça do Senhor sobre a vida de quem prega sob
Sua direção. "Persiste em ler, exortar e ensinar, " (1Tm
4:13)
7) O púlpito não deve ser tribuna de
auto-promoção - Há mensagens que não passam de bajulação
disfarçada ou de egolatria exacerbada. Prega-se o homem, não a Cristo. Prega-se
o servo, não o Senhor. Prega-se a obra de Deus, não o Deus da obra. Sermões
desse tipo poderiam ter como hino o que diz: "Sim, há de ser GLÓRIA PRA
MIM, GLÓRIA PRA MIM, GLÓRIA PRA MIM".Um sermão bíblico aponta para outro
caminho: o caminho da glória divina e da incapacidade humana; aponta para a honra
a Cristo e a submissão do pecador. Qualquer coisa diferente disso é jactância
mundana, não pregação bíblica: "É necessário que Cristo cresça e
que eu diminua." (Jo 3:30) Espero sinceramente que os nossos púlpitos melhorem em qualidade.Um bom
púlpito pode transformar uma igreja. Um sermão qualificado em um pregador capaz
pode ser a fagulha que acende um reavivamento na Obra do Senhor. Que sejamos
pregadores fiéis em nome de Jesus. Amém.
Autor Ed. Carlos
Copilado e adaptado
por MdC
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