A saudação.
O autor desta Epístola não se diz apóstolo (entre
os quais houve dois com o nome de Judas), mas simplesmente se chama "servo
de Jesus Cristo e irmão de Tiago" e, geralmente, se entende que ela foi
escrita por Judas, um dos irmãos de Jesus Cristo (Mateus 13:55; Marcos 6:3) e
irmão do autor da Epístola de Tiago (veja Atos 1:14;15.13).
Temos na saudação do apóstolo àqueles a quem se dirigia uma tríplice
descrição dos leitores, bem como também uma tríplice benção proferida:
Tríplice descrição dos
leitores:
a) V. 1 - "Chamados" - por Deus. para a salvação (Romanos
8:30).
b) "Amados" - em Deus Pai, por serem filhos dEle
(Romanos 8:15-16; 1a. João 3.
c) "Guardados" - em Jesus Cristo e por Ele; o
crente esta seguro, nas mãos do Salvador (João 10:28-30).
Tríplice benção:
a) V. 2 -
"Misericórdia" - quão essencial! (1a. João 2:1).
b) "Paz"
- a paz de Deus no coração, no meio das tribulações desta vida (Filipenses
4.7).
c) "Amor" - o mandamento do Senhor (João 15:12; 1a. João 4.19).
VERSÍCULOS 3-4
O perigo iminente.
Eis o motivo da Epístola. Judas achou que a mais urgente
necessidade era avisar os cristãos acerca de ensinadores falsos e ímpios que já
tinham entrado nas igrejas, negando o Salvador e incitando os crentes a
praticarem os mais graves pecados.
Os "falsos mestres" indicados em Mateus 24:11 e em
2a. Pedro 2:1-2 já se tinham introduzido nas igrejas e os crentes tinham o
dever de "batalhar" pela doutrina evangélica - isto é, manter
fielmente e defender resolutamente os ensinos fundamentais e básicos da fé
cristã. Aqui não se trata da fé individual que é para a salvação, mas, sim, do
total dos ensinos específicos que formam o cristianismo e o distinguem do
judaísmo e das demais religiões.
Já entraram nas igrejas "homens ímpios" chamando-se
cristãos, mas negando duas doutrinas principais do Evangelho:
a) a divindade de Jesus Cristo;
b) a vida santa como prova da fé em Cristo - pois eles
"transformaram em dissolução (libertinagem) a graça de Deus".
Judas salienta a divindade de Jesus - "nosso único
Soberano e Senhor, Jesus Cristo". Aqueles mestres" diziam "se
somos salvos pela graça e não pelas obras, então podemos pecar à vontade!"
- esquecendo-se que o pecador arrependido e crente em Cristo não terá
"vontade" de pecar (Romanos 6.2, 17; 8.4-5; 1a. João 3 6-9).
VERSÍCULOS 5-7
O castigo dos ímpios.
Aqui Judas cita três exemplos do castigo divino, nos tempos
passados:
a) Os incrédulos e rebeldes em Israel, durante os quarenta
anos no deserto. A nação foi salva do Egito e consagrada a Deus pelo batismo no
Mar Vermelho, em Moisés seu chefe (veja 1a Coríntios 10:2). Porém, a maioria
mostrou-se incrédula e desobediente e ficou destruída em períodos sucessivos
(Êxodo 33:25-28; Números 33 etc.). Veja também 1a. Coríntios 10:5-8.
b) Anjos. A referência aqui é misteriosa, sendo semelhante à
de 2a. Pedro 2:4. Os anjos rebeldes serão julgados, junto com Satanás, no fim
do Milênio (Apocalipse 20:10).
c) Sodoma e Gomorra. Os habitantes destas cidades praticavam
toda perversidade sexual (Gênesis 19:5, 8; veja também Romanos 1:27) O fogo que
os destruiu é tornado como profético do fogo eterno reservado para todos os
ímpios (Apocalipse 20.14-15).
VERSÍCULOS 8-11
Mestres ímpios.
Eis uma descrição detalhada dos ensinadores apóstatas que
entraram nas igrejas:
a) São indisciplinados. Não reconhecem autoridade superior,
na família, na igreja ou no país; praticam a fornicação; rejeitam o ensino
apostólico e difamam governos (v. 8). Mesmo Satanás, sendo de posição superior
no mundo angélico, não foi injuriado pelo arcanjo Miguel (este incidente é
mencionado somente aqui; porém, essa gente zomba do que não entende e
moralmente se comporta pior do que os animais.
b) No v. 11 os apóstatas são comparados com Caim, Balaão e
Coré.
O primeiro Caim, não governou suas paixões - ciúmes e raiva;
Balaão, pelo amor ao dinheiro, desobedeceu a Deus e depois
fez que o povo pecasse gravemente (Números 25:1-9- 31:8, 16);
Coré difamou a Moisés e a Arão e rebelou-se contra eles
(Números 16).
VERSÍCULOS 12-16
Ensinadores perigosos.
a) Uma sétupla descrição do caráter destas pessoas (vs.
12-13).
São como "rochas
submersas"
perigosas para navios;
São "glutões" nas festas da igreja;
São "pastores
interesseiros";
São como "nuvens
sem chuva e sem direção".
São inúteis como
"árvores infrutíferas" que são marcadas para serem destruídas;
São como "ondas
bravias do mar"
que sujam as praias com o lixo que depositam;
São "estrelas sem
rumo",
dirigindo-se para as trevas eternas.
b) Estas pessoas foram previstas por Enoque, na sétima
geração depois de Adão (Gênesis 5:21-24); ele "andou com Deus" e
mesmo antes do Dilúvio predisse a Vinda do Senhor para julgar os ímpios
conforme as suas obras e as suas palavras. Note que esta profecia não está
mencionada em Gênesis, mas (como a contenda entre Miguel e Satanás no v. 9) foi
confirmada pelo Espírito ao escritor desta Epístola.
c) As palavras dos apóstatas são murmurações, arrogâncias e
adulações e as suas obras são o fruto da carnalidade, impureza e ganância (v.
16).
VERSÍCULOS 17-25
Ensinos espirituais:
a) Judas dirige-se novamente aos crentes - "Vós porém,
amados" - como também no v. 20 Adicionalmente a profecia de Enoque, os
apóstolos já tinham avisado a igreja acerca dos "mestres" ímpios.
Aqui Judas cita textualmente as palavras de Pedro (2a. Pedro 33) e há
referência também a Romanos 16:17-18 e a 2a. Timóteo 3:1-8. Provavelmente todos
os apóstolos ensinavam estas coisas no seu ministério entre as igrejas; veja
Atos 20.29-31.
b) Os "pastores ímpios" não têm o Espírito Santo (v
19) - pois nunca se converteram a Cristo. nunca nasceram de novo. São
"sensuais sem percepção espiritual" e causam divisões entre os
cristãos; fundam "igrejas" e "congregações" que são deles
mesmos e não de Cristo.
c) Vemos aqui a maneira de "batalharmos pela fé"
para mantermos nas igrejas a sã doutrina e a conduta digna do Senhor (vs.
20-23). O escritor indica quatro meios de conseguir-se este fim:
1. Edificação na
"vossa fé santíssima" (v 20) Isto se faz pelo estudo da Palavra e pela obediência a seus
ensinos. Crentes que negligenciam as reuniões para estudo bíblico e para
ministério da Palavra são geralmente os primeiros a serem seduzidos por falsos
mestres e divisionistas, pois não são firmados nem edificados na doutrina de
Cristo.
2. Oração. Aqui se contempla a igreja reunida
em oração; os que regularmente se ausentam destas reuniões, raras vezes são
crentes dados a oração particular em casa!… Porém, a oração "no Espírito
Santo" é realmente a maior proteção contra o falso ensino e a carnalidade.
3. Firmeza no amor de
Deus (v. 21). Esse
amor foi mostrado no Evangelho da nossa salvação: "Deus amou ao mundo de
tal maneira que deu o Seu Filho unigênito" (João 3:16) - "Pela graça
sois salvos mediante a fé" (Efésios 2:8). Esperamos a Vinda do Senhor e a
perfeição da nossa redenção (Romanos 8:18, 23). Somos salvos para a santidade,
não para o pecado.
4. Compaixão para
crentes fracos e enganados (vs. 22-23). Em vez de censurá-los, esforcemo-nos para guardá-los na
fé. orando por eles, aconselhando-os com amor. Quanto aos que parecem já perdidos,
seguindo o pecado (embora ainda chamando-se cristãos, "mais
liberais"), tenhamos dó dos tais, porém, cuidando de nós mesmos, separando-nos
inteiramente do mal.
A doxologia (vs.
24-25). A Epístola
termina com uma notável peroração de louvor a Deus "Àquele que é poderoso
para guardar e apresentar": guardar de tropeçar e apresentar perfeitos
diante do Seu trono. No v. 25, eterno louvor ("antes de todos os séculos,
e agora, e por toda a eternidade") se oferece ao "único Deus. Salvador
nosso" mediante "Jesus Cristo, Senhor nosso" - palavras que nos
mostram tanto a unidade de Deus, como a igualdade de Jesus Cristo com Deus o
Pai.
Assim finda esta Epístola curta, mas importante e solene.
Como temos visto (v. 4), os libertinos entraram nas igrejas nos tempos apostólicos.
Durante os séculos da Idade Média, o seu joio estragou quase completamente a
moralidade e a espiritualidade do cristianismo. Hoje em dia, há pregadores e
seitas inteiras que negam "a fé uma vez dada aos santos" que é a
palavra completa de Deus, desprezando a autoridade da Bíblia e relaxando assim
o padrão cristão de moralidade e de piedade.
Sejamos vigilantes. Sejamos fieis. Sejamos santos, em toda a
nossa maneira de viver.
Copilado por MdC
autor
Copilado por MdC
autor
Richard Dawson Jones (1895 - 1987)
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