sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A CARTA DE JUDAS



A saudação. 
O autor desta Epístola não se diz apóstolo (entre os quais houve dois com o nome de Judas), mas simplesmente se chama "servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago" e, geralmente, se entende que ela foi escrita por Judas, um dos irmãos de Jesus Cristo (Mateus 13:55; Marcos 6:3) e irmão do autor da Epístola de Tiago (veja Atos 1:14;15.13).
Temos na saudação do apóstolo àqueles a quem se dirigia uma tríplice descrição dos leitores, bem como também uma tríplice benção proferida:
 Tríplice descrição dos leitores:
a) V. 1 - "Chamados" - por Deus. para a salvação (Romanos 8:30).
b) "Amados" - em Deus Pai, por serem filhos dEle (Romanos 8:15-16; 1a. João 3.
c) "Guardados" - em Jesus Cristo e por Ele; o crente esta seguro, nas mãos do Salvador (João 10:28-30).
Tríplice benção:
   a)  V. 2 - "Misericórdia" - quão essencial! (1a. João 2:1).
   b) "Paz" - a paz de Deus no coração, no meio das tribulações desta vida (Filipenses 4.7).
  c)  "Amor" - o mandamento do Senhor (João 15:12; 1a. João 4.19).
VERSÍCULOS 3-4
O perigo iminente.
Eis o motivo da Epístola. Judas achou que a mais urgente necessidade era avisar os cristãos acerca de ensinadores falsos e ímpios que já tinham entrado nas igrejas, negando o Salvador e incitando os crentes a praticarem os mais graves pecados.
Os "falsos mestres" indicados em Mateus 24:11 e em 2a. Pedro 2:1-2 já se tinham introduzido nas igrejas e os crentes tinham o dever de "batalhar" pela doutrina evangélica - isto é, manter fielmente e defender resolutamente os ensinos fundamentais e básicos da fé cristã. Aqui não se trata da fé individual que é para a salvação, mas, sim, do total dos ensinos específicos que formam o cristianismo e o distinguem do judaísmo e das demais religiões.
Já entraram nas igrejas "homens ímpios" chamando-se cristãos, mas negando duas doutrinas principais do Evangelho:
a) a divindade de Jesus Cristo;
b) a vida santa como prova da fé em Cristo - pois eles "transformaram em dissolução (libertinagem) a graça de Deus".
Judas salienta a divindade de Jesus - "nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo". Aqueles mestres" diziam "se somos salvos pela graça e não pelas obras, então podemos pecar à vontade!" - esquecendo-se que o pecador arrependido e crente em Cristo não terá "vontade" de pecar (Romanos 6.2, 17; 8.4-5; 1a. João 3 6-9).
VERSÍCULOS 5-7
O castigo dos ímpios.
Aqui Judas cita três exemplos do castigo divino, nos tempos passados:
a) Os incrédulos e rebeldes em Israel, durante os quarenta anos no deserto. A nação foi salva do Egito e consagrada a Deus pelo batismo no Mar Vermelho, em Moisés seu chefe (veja 1a Coríntios 10:2). Porém, a maioria mostrou-se incrédula e desobediente e ficou destruída em períodos sucessivos (Êxodo 33:25-28; Números 33 etc.). Veja também 1a. Coríntios 10:5-8.
b) Anjos. A referência aqui é misteriosa, sendo semelhante à de 2a. Pedro 2:4. Os anjos rebeldes serão julgados, junto com Satanás, no fim do Milênio (Apocalipse 20:10).
c) Sodoma e Gomorra. Os habitantes destas cidades praticavam toda perversidade sexual (Gênesis 19:5, 8; veja também Romanos 1:27) O fogo que os destruiu é tornado como profético do fogo eterno reservado para todos os ímpios (Apocalipse 20.14-15).
VERSÍCULOS 8-11
Mestres ímpios.
Eis uma descrição detalhada dos ensinadores apóstatas que entraram nas igrejas:
a) São indisciplinados. Não reconhecem autoridade superior, na família, na igreja ou no país; praticam a fornicação; rejeitam o ensino apostólico e difamam governos (v. 8). Mesmo Satanás, sendo de posição superior no mundo angélico, não foi injuriado pelo arcanjo Miguel (este incidente é mencionado somente aqui; porém, essa gente zomba do que não entende e moralmente se comporta pior do que os animais.
b) No v. 11 os apóstatas são comparados com Caim, Balaão e Coré.
O primeiro Caim, não governou suas paixões - ciúmes e raiva;
Balaão, pelo amor ao dinheiro, desobedeceu a Deus e depois fez que o povo pecasse gravemente (Números 25:1-9- 31:8, 16);
Coré difamou a Moisés e a Arão e rebelou-se contra eles (Números 16).
VERSÍCULOS 12-16
Ensinadores perigosos.
a) Uma sétupla descrição do caráter destas pessoas (vs. 12-13).
São como "rochas submersas" perigosas para navios;
São "glutões" nas festas da igreja;
São "pastores interesseiros";
São como "nuvens sem chuva e sem direção".
São inúteis como "árvores infrutíferas" que são marcadas para serem destruídas;
São como "ondas bravias do mar" que sujam as praias com o lixo que depositam;
São "estrelas sem rumo", dirigindo-se para as trevas eternas.
b) Estas pessoas foram previstas por Enoque, na sétima geração depois de Adão (Gênesis 5:21-24); ele "andou com Deus" e mesmo antes do Dilúvio predisse a Vinda do Senhor para julgar os ímpios conforme as suas obras e as suas palavras. Note que esta profecia não está mencionada em Gênesis, mas (como a contenda entre Miguel e Satanás no v. 9) foi confirmada pelo Espírito ao escritor desta Epístola.
c) As palavras dos apóstatas são murmurações, arrogâncias e adulações e as suas obras são o fruto da carnalidade, impureza e ganância (v. 16).
VERSÍCULOS 17-25
Ensinos espirituais:
a) Judas dirige-se novamente aos crentes - "Vós porém, amados" - como também no v. 20 Adicionalmente a profecia de Enoque, os apóstolos já tinham avisado a igreja acerca dos "mestres" ímpios. Aqui Judas cita textualmente as palavras de Pedro (2a. Pedro 33) e há referência também a Romanos 16:17-18 e a 2a. Timóteo 3:1-8. Provavelmente todos os apóstolos ensinavam estas coisas no seu ministério entre as igrejas; veja Atos 20.29-31.
b) Os "pastores ímpios" não têm o Espírito Santo (v 19) - pois nunca se converteram a Cristo. nunca nasceram de novo. São "sensuais sem percepção espiritual" e causam divisões entre os cristãos; fundam "igrejas" e "congregações" que são deles mesmos e não de Cristo.
c) Vemos aqui a maneira de "batalharmos pela fé" para mantermos nas igrejas a sã doutrina e a conduta digna do Senhor (vs. 20-23). O escritor indica quatro meios de conseguir-se este fim:
1. Edificação na "vossa fé santíssima" (v 20) Isto se faz pelo estudo da Palavra e pela obediência a seus ensinos. Crentes que negligenciam as reuniões para estudo bíblico e para ministério da Palavra são geralmente os primeiros a serem seduzidos por falsos mestres e divisionistas, pois não são firmados nem edificados na doutrina de Cristo.
2. Oração. Aqui se contempla a igreja reunida em oração; os que regularmente se ausentam destas reuniões, raras vezes são crentes dados a oração particular em casa!… Porém, a oração "no Espírito Santo" é realmente a maior proteção contra o falso ensino e a carnalidade.
3. Firmeza no amor de Deus (v. 21). Esse amor foi mostrado no Evangelho da nossa salvação: "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito" (João 3:16) - "Pela graça sois salvos mediante a fé" (Efésios 2:8). Esperamos a Vinda do Senhor e a perfeição da nossa redenção (Romanos 8:18, 23). Somos salvos para a santidade, não para o pecado.
4. Compaixão para crentes fracos e enganados (vs. 22-23). Em vez de censurá-los, esforcemo-nos para guardá-los na fé. orando por eles, aconselhando-os com amor. Quanto aos que parecem já perdidos, seguindo o pecado (embora ainda chamando-se cristãos, "mais liberais"), tenhamos dó dos tais, porém, cuidando de nós mesmos, separando-nos inteiramente do mal.
A doxologia (vs. 24-25). A Epístola termina com uma notável peroração de louvor a Deus "Àquele que é poderoso para guardar e apresentar": guardar de tropeçar e apresentar perfeitos diante do Seu trono. No v. 25, eterno louvor ("antes de todos os séculos, e agora, e por toda a eternidade") se oferece ao "único Deus. Salvador nosso" mediante "Jesus Cristo, Senhor nosso" - palavras que nos mostram tanto a unidade de Deus, como a igualdade de Jesus Cristo com Deus o Pai.
Assim finda esta Epístola curta, mas importante e solene. Como temos visto (v. 4), os libertinos entraram nas igrejas nos tempos apostólicos. Durante os séculos da Idade Média, o seu joio estragou quase completamente a moralidade e a espiritualidade do cristianismo. Hoje em dia, há pregadores e seitas inteiras que negam "a fé uma vez dada aos santos" que é a palavra completa de Deus, desprezando a autoridade da Bíblia e relaxando assim o padrão cristão de moralidade e de piedade.

Sejamos vigilantes. Sejamos fieis. Sejamos santos, em toda a nossa maneira de viver.
Copilado por MdC
autor
Richard Dawson Jones (1895 - 1987)

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