Filipenses 3:4-19
INTRODUÇÃO: Como é que o crente se torna mais semelhante
a Jesus Cristo? O que é que você, eu,
cada um de nós estamos fazendo a esse respeito?
Os cristãos confrontam-se com dois grandes
problemas neste aspecto de suas vidas.
Primeiro: Alguns acreditam que
podem, na verdade, tornar-se semelhantes a Cristo nesta vida, isto é, chegarem
a um estado de perfeição.
Segundo: Há crentes que,
buscando alcançar a maturidade instantânea, tentam todos os tipos de vias de
acesso automáticas.
Vejamos o que Paulo pensa sobre o
"tomar-se semelhantes a Cristo.
Paulo começa falando da:
I – Sua
experiência Passada (versos 4-6)
Paulo parecia dizer: "Se vocês desejam
um bom exemplo da perspectiva da religião centralizada no
homem, olhem para mim! É como tivesse a
dizer: Desafio a qualquer pessoa a medir-se comigo tanto em herança quanto em
realizações!"
1. Sua herança religiosa -
"Circuncidado ao oitavo dia". Ou seja: cumpridor da lei Mosaica
(Levítico 12:3). Além disso,
"Da linhagem de Israel". Ele não
era prosélito, não era convertido ao Judaísmo; ele fazia parte da raça
escolhida por nascimento.
"Da tribo de Benjamim" Uma tribo altamente
respeitada em Israel por causa de sua inusitada fidelidade à lei de Deus. O
primeiro rei de Israel, Saul, também foi benjamita.
"Tudo isso", disse Paulo, "é
meu por herança." Ele nada havia feito para merecê-lo. Ele simplesmente
recebeu esta posição pelo fato de ter nascido numa raça e família religiosa.
2. Suas realizações religiosas - Paulo
não era um hebreu comum, mas "hebreu de hebreus". Havia dado o duro
para chegar a ser um afamado erudito, um homem de letras e de alta cultura. Ele
falava hebraico e aramaico, um sinal de distinção em
Israel. Saulo de Tarso tinha proeminência
sobre seus pares na estatura religiosa, era fariseu, o que representava a seita
mais conservadora do Judaísmo.
II – Sua
experiência Presente (Versos 7-11) Quando Paulo se converteu, sua experiência
religiosa e mensagem passaram da centralização no homem para a centralização em
Cristo. Ele passa descrever seu relacionamento com Deus.
1. Sua
visão do passado - Para ele tudo fora uma perda total. Ele considerava toda
a sua herança e todas as suas realizações "como perda" (Ler 3:8).
Ele não considerava todas as coisas ruins em
si mesmas, mas tinha convicção de que impediam seu relacionamento com Deus.
Além do que; sua experiência com Cristo era tão maior e tão mais significativa,
que ele estava disposto a desistir de tudo:
Sua cidadania, seu status, seus amigos e sua
riqueza para ter essa experiência com Cristo. "Considero
tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Jesus Cristo meu
Senhor" (3:8).
2. Sua
nova fonte de justiça - Quando Paulo se converteu, descobriu uma nova fonte
de justiça, Diz Paulo: “não a justiça que
procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de
Deus, baseada na fé" (Filipenses 3:9). Esta é claro, a verdadeira
justiça porque, disse Paulo ao escrever aos Gálatas "por obras da lei ninguém será justificado" (Gálatas
2:16).
3. Seus
novos alvos para a vida - Paulo veio a conhecer a Cristo mediante a
experiência inicial de salvação, mas "conhecer a Cristo" também é uma
experiência contínua e crescente. O apóstolo conclui dizendo: "Para o conhecer e o poder da sua
ressurreição
e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para de
algum modo alcançar a ressurreição dentre os mortos" (3:10, 11).
III - Seu
exemplo pessoal (Versos 12-14)
1. Ainda não completei minha experiência
cristã Depois de sua conversão, Paulo desistiu de tentar ser justo
guardando a lei e partiu para uma nova perspectiva de vida. Tendo descoberto a
verdadeira justiça, mediante a fé na morte e ressurreição de Cristo, ele
definiu um novo alvo de vida: "conhecer a Cristo". E ele disse:
Ainda não alcancei o alvo. Ainda não me
tornei perfeito como Cristo. Mas é meu alvo, mesmo aqui na terra, tornar-me
como Cristo, tornar-me no que ele me chamou para ser. Como disse, ainda não o
atingi, mas tenho um único desejo: ser como Cristo em todos os aspectos da
vida.
2. Não
olho para minha experiência anterior - Não permito que meu passado me
detenha. Pelo contrário, sigo a toda velocidade para frente, para o alvo.
Quando Cristo me chamar para o lar no céu, receberei o prêmio: serei como
Cristo.
3. Contínuo a olhar e a dirigir-me para o
alvo da maturidade cristã – Note o exemplo de Paulo: "Prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado
por Cristo Jesus".
Isso exige que a pessoa se esqueça "das
coisas que para trás ficam" e avance "para as que diante de si estão”.
Paulo faz analogia de uma corrida. O atleta que olha diretamente para a frente,
para a linha de chegada e põe cada grama de esforço possível na competição.
Paulo desprendia energia humana para tomar-se como Cristo; era necessário
estabelecer alvos, motivação e ação. Aqui, Paulo apresenta o equilíbrio entre a
capacitação divina e a responsabilidade humana. Deus jamais vai forçar alguém a
ser conforme a imagem de Cristo; esta é uma responsabilidade humana.
Paulo deixa isso claro aos Romanos quando "roga"
aos cristãos; ele não exige nem ordena que eles apresentem "os seus corpos
por sacrifício vivo" (12:1).
O mesmo é verdade em sua carta aos Efésios:
"Rogo-vos que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados"
(4:1). E, mais tarde, nesta carta aos Efésios Paulo disse que deviam
"esforçar-se diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo
da paz". Deviam "despojar-se do velho homem" e "revestir-se
do novo homem". Mais
especificamente, deviam "despojar-se da
falsidade e falar a verdade". Deviam livrar-se de "toda a amargura, e
cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda a malícia"
(Efésios 4:3, 22-32).
Percebam que tudo isto tem a ver com
responsabilidade humana e ação pessoal, baseadas em novos alvos de vida.
IV
- A Exortação Geral de Paulo (Versos
15-19)
O exemplo pessoal do apóstolo tornou-se a
base para uma exortação aos crentes de Filipos e a nós também. Vejamos:
1."Não fiquem satisfeitos com seu
nível presente de experiência cristã"
Verso15a – “Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este
sentimento...”
Isto é, todos os crentes, até mesmo os maduros, jamais devem estar satisfeitos
com seu nível presente de semelhança a Cristo.. Acima de tudo, jamais devem
sentir que já alcançaram o estado de perfeição.
2."Estejam preparados para aprender
diretamente do Senhor"
Verso 15b "E, se porventura pensais doutro modo, também isto Deus vos
esclarecerá". Nesta afirmativa de Paulo, parece estar a estratégia
sobrenatural que Deus usa para revelar aos crentes que ainda não são perfeitos.
Paulo o afirmou com propriedade aos crentes coríntios: "Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia" (1
Coríntios 10:12).
3.“Não percam inadvertidamente o que
ganharam, pensando já ter atingido o alvo”
Verso 16a - 'Todavia, andemos de acordo com o que já
alcançamos."
4."Sigam bons exemplos de
comportamento cristão"
Verso 17 – “Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam
segundo o modelo que tendes em nós”. Isto é, não pensem já
estarem perfeitos. Esqueçam-se das coisas que para trás ficam e prossigam para
o alvo para ganhar o prêmio da suprema santificação.
Paulo prossegue exortando-os a imitar o
exemplo de outros que seguiam este padrão de vida, assim como Timóteo e Epafrodito.
Paulo já havia apresentado estes dois homens como exemplos admiráveis de
maturidade cristã (2:19-30), mas como vimos, ambos possuíam fraquezas humanas.
Ambos possuíam problemas físicos e psicológicos que interferiam em sua
eficiência ainda que fossem líderes cristãos maduros.
5."Estejam em guarda contra maus
exemplos
Verso 18 – “Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas
vezes eu vos dizia, e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de
Cristo”.
Com lágrimas a correr-lhe pelas faces, ele chamou os maus exemplos de "inimigos
da cruz de Cristo". Sua linguagem era forte, mas seu coração estava despedaçado.
Enquanto chorava, ele especificou que "o destino deles é a perdição".
Três coisas, disse Paulo, caracterizam a vida
dos inimigos de Cristo.
Primeiro, "o deus deles
é o ventre” - eram glutões e beberrões;
Segundo, "a glória
deles está na sua infâmia" - glorificavam a imoralidade e o procedimento
sensual;
Terceiro, "só se preocupam
com as coisas terrenas" - possuíam uma filosofia materialista de vida.
Este era o "padrão do mundo".
Crentes maduros e que estão a crescer, não permitem que sua vida se conforme
com este padrão; antes, são "transformados" e "renovados".
Então, disse Paulo, vocês poderão experimentar "qual seja a boa, agradável
e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2).
CONCLUSÃO
-
Hoje, como no primeiro século, muita gente anda confusa a respeito da
maturidade espiritual, o que é e como alcançá-la. Alguns acreditam que podem
chegar a um estado de perfeição enquanto na terra; a maioria, contudo, sabem
que ainda não são perfeitos. Os próprios cristãos, se forem honestos consigo
mesmos, também sabem.
A maioria dos cristãos hoje, porém, tem outro
problema. Muitos tentam todos os tipos de fórmulas mágicas para alcançar a
maturidade instantânea: morte do ego, viver pela fé, ser cheio do Espírito.
Juntamente com estas vão as fórmulas da leitura da Bíblia e da oração.
O fundamental a tudo isto se encontra no
processo que Paulo apresentou tão claramente nesta passagem. Tomar-se um
cristão SEMELHANTE A CRISTO requer a determinação de alvos, motivação e ação.
Não há uma solução mágica e automática para a maturidade cristã. O tomar-se
como Cristo é um processo, um processo que dura a vida toda.
MdC
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