CALVINISMO
E ARMINIANISMO
Capitulo 2
Assim sendo, poderíamos
supor, ainda que seja por um momento, que o bendito apóstolo Paulo aceitaria
como “a fé dos eleitos de Deus”, um sistema que exclui o glorioso mistério da
Igreja da qual ele foi feito ministro de uma maneira especial? Suponhamos que
alguém tivesse mostrado a Paulo “os cinco pontos” do calvinismo como uma declaração
da verdade de Deus, que teria ele dito? Que! “Toda a verdade de Deus”; “a fé
dos eleitos de Deus”; “tudo aquilo que é essencial para a fé”! Mas nem uma
sílaba acerca da verdadeira posição da Igreja, de seu chamamento, da sua
esperança e de seus privilégios!
Tampouco se faz alguma
menção do futuro de Israel! Vemos uma completa ignorância ou, no melhor dos
casos, um despojamento das promessas feitas a Abraão, Isaque, Jacó e Davi. Os
ensinos proféticos em seu conjunto são relegados a um sistema espiritualizante
ou alegorizante — falsamente assim chamado — de interpretação, mediante a qual
Israel é privado de sua própria porção, e os cristãos são rebaixados a um nível
terreno; e isto nos é apresentado com a elevada pretensão de ser “a fé dos
eleitos de Deus”!
Graças a Deus que isso não
é assim! Ele — bendito seja seu Nome — não se confinou dentro dos estreitos
limites de nenhuma escola teológica, alta, baixa ou moderada. Ele revelou a si
mesmo. Declarou os profundos e preciosos segredos do seu coração. Manifestou
seus eternos conselhos à Igreja, a Israel, aos gentios e a toda a Criação. Os
Homens se quiserem podem tentar confinar o vasto oceano dentro de um balde que
eles mesmos formatam, da mesma maneira que pretendem confinar a vasta porção da
revelação divina dentro dos débeis cercos dos sistemas de teologia humana. Não
é possível fazer isto, nem se deve intentar fazê-lo. É muito melhor deixar de
lado os sistemas teológicos e as escolas de teologia, e vir, qual um menino, à
eterna fonte da Santa Escritura, para beber dela os vivos ensinos do Espírito
de Deus.
Nada pode ser mais nocivo
para a verdade de Deus, mais dessecante para a alma, e mais subversivo para o
crescimento e o progresso espiritual que a mera teologia, seja alta ou
calvinista, seja baixa ou arminiana. É impossível que a alma progrida para além
dos limites do sistema com o qual está relacionada. Se eu for ensinado a
considerar “os cinco pontos” como “a fé dos eleitos de Deus”, não me
interessará olhar para além deles; e então um glorioso conjunto de verdades
celestiais ficará oculto da minha visão. Ficarei atrofiado e parcialmente cego,
tendo apenas uma visão meramente parcial da verdade. Corro o perigo de cair
nesse estado de alma fria e enternecida que advém de estar ocupado com meros
pontos de doutrina em vez de estar ocupado com Cristo.
a continuar....
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