domingo, 5 de janeiro de 2014

Murmuração



“Amanhã de manhã vocês verão a glória do SENHOR, pois o SENHOR ouviu as reclamações (murmurações)  de vocês contra ele. Foi contra ele, e não contra nós, que vocês reclamaram (murmuraram); pois, afinal de contas, quem somos nós? Êxodo 16:7

Examinando o contexto deste versículo em questão, vemos o povo de Israel queixando-se a Moisés e Arão, sobre a falta de comida e a saudade do conforto, em escravidão, que havia no Egito.
Um povo que sofria de forma grave naquele país, com toda sorte de punições físicas e morais e que fora libertado de forma tremenda, estrondosa, espantosa.
Fora liberto sem nenhum tipo de confronto, sem qualquer ato de guerra, mas que havia sido expulso por seus exatores, que os escravizavam de forma preconceituosa, e ainda assim receberam desses, presentes materiais, que foram úteis durante a peregrinação no deserto. Um povo que quando houve a possibilidade de ser destruído pelo exército egípcio, teve como escudo o Anjo do Senhor, que foi escuridão aos egípcios e luz para os judeus, e maravilhosamente abriu-lhes o Mar Vermelho, para que passassem a seco, em segurança, e viram este mesmo mar, com suas águas, engolir todo o exército de Faraó. Em Mara, viram, miraculosamente, águas amargas se tornarem doces, pela ação misericordiosa de Deus.
E o que faziam naquele momento em Êxodo Cap 16?  Murmuravam,  acusavam e lamentavam a falta de coisas materiais.
Aqui vemos ensinamentos importantes, também em nossos dias, para cada um de nós. Mas como? Este é um tempo em que o povo estava sob o jugo da lei, vivemos nós no período da graça!
Mas analisemos:
Moisés inicia falando do amanhã. O amanhã é o futuro, algo incerto para o homem, mas totalmente real quando em Deus, para todo aquele que confia no Senhor. O amanhã somente existe se tivermos fé. Ali, podemos dizer que Moisés se referia ao dia seguinte, quando o povo veria a ação gloriosa de Deus, enviando a comida para cada um, saciando sua fome carnal. O amanhã, para nós, que hoje vivemos no período da graça, é a certeza  que  temos também o suprimento de nossas necessidades, não só do ponto de vista material, mas sobretudo no campo espiritual, pois temos o pão que desceu do céu, o Filho do Deus Vivo, Jesus, o Cristo, que deixando sua glória, viveu entre nós como homem, deu sua vida por amor a nós, ressuscitando venceu a morte e nos brindou com a vida eterna.
Em nosso amanhã, já vemos e vivemos a glória de Deus, se temos a Jesus  como Senhor e Salvador de nossas vidas.
Em nosso amanhã, fundamentamos todo o nosso viver, a nossa fé, na certeza que estaremos com Ele, Jesus, na eternidade.
Em nosso amanhã, somos convencidos, consolados pelo Espírito Santo que habita em nós que temos a vida eterna.
Mas em nosso amanhã, que é já o nosso hoje, mesmo com toda essa graça divina presente em nossa vida diária, também murmuramos contra o nosso trabalho, nosso(a) companheiro(a), nossos filhos e filhas, nossos patrões e empregados, e também contra a igreja, os líderes e irmãos e irmãs em Cristo.
Sim, isto é real, é verdadeiro, é cotidiano, é carnal, é humano!
Mas Moisés lembra ao povo judeu que Deus ouviu as suas murmurações e com sua graça e misericórdia infinitas, providenciaria, como providenciou, o suprimento de suas necessidades. Em sua afirmação Moisés mostra que quando reclamavam dele e a ele,  na realidade reclamavam de Deus, pois Ele havia planejado, providenciado e executado todo aquele livramento espetacular. Não era um ato de Moisés, pois este era apenas um instrumento utilizado por Deus, bem como seu irmão Arão.
Moisés aqui demonstra uma humildade singular, mostrando ser apenas um servo de Deus, do grande Eu Sou. Apesar de líder, literalmente instituído, designado por Deus, apresenta-se desprovido de qualquer vaidade, orgulho, autonomia, autoritarismo, mas de forma alguma esquecendo-se de sua responsabilidade sobre aquele povo, que Deus o colocara como guia, que caminhava a frente, em comunhão com o Pai, apresentava a Israel os caminhos do Senhor.
Portanto trazendo para os nossos dias pensemos que quando murmuramos de coisas, situações, pessoas, estamos murmurando contra Deus, pois Ele é o Senhor de tudo e de todos, mesmo daqueles que assim não o reconhecem. Estamos, quando murmuramos uns contra os outros, murmurando contra aqueles que foram criados à imagem e semelhança de Deus, aqueles por quem Cristo morreu independente de quem sejam, do que façam, de cargos, de cursos ou discursos. Murmurando contra quem esperamos encontrar na vida futura com o Pai, na vida eterna.
E finalmente, para uma melhor reflexão vejamos o significado da palavra murmurar:
- no hebraico deriva-se de LUWN, que significa: se alojar, parar, passar a noite, habitar, permanecer, se manter no mesmo lugar, resmungar, queixar-se.
- no grego deriva-se de PARALUTIKUS, que acredito não necessita de qualquer tradução, mas contudo, significa: reclamar, clamar para trás, ficar paralisado.
No português significa verbo transitivo
1.      Dizer em voz baixa; segredar
2.      Falar mal de (alguém ou alguma coisa); censurar ocultamente
verbo intransitivo
1.      Produzir murmúrio, sussurrar
2.      Queixar-se, lastimar-se, lamentar-se

Usando esses significados para o contexto de Êxodo cap 16 era justamente isto que o povo fazia, clamava para trás, parava, paralisava-se, impedia a progressão para a terra prometida.
Em nossos dias, murmurar faz com que fiquemos parados, paralisados, sem conseguir ir em frente, não proclamamos as boas novas, não amamos o nosso próximo e não vivenciamos as promessas de Deus em nossas vidas.
Portanto, procuremos a solução real e concreta para esta questão: a oração e o estudo da Palavra de Deus. Assim, seguramente, a murmuração será substituída pelo diálogo e a consequente edificação de cada um de nós, e toda a igreja, o Corpo de Cristo.
A Deus, somente, toda a glória! 
M.d.C.




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