terça-feira, 21 de janeiro de 2014

No caminho




Atos 8:26 “Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi”.

O capítulo 8, do livro de Atos, inicia-se anunciando um período de perseguição da igreja primitiva, inaugurada pela morte de Estevão, e aonde a figura de Saulo é apresentada como um dos executores de tal fato, pois ainda, naquele tempo, não havia conhecido verdadeiramente a Jesus Cristo.
Este texto relata também, o trabalho de Filipe com o povo em Samaria, que através das suas palavras e atitudes anunciava-lhe a Cristo e as multidões, sim multidões, e não algumas pessoas aqui e acolá, mas multidões atendiam unânimes, às coisas que dizia e ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. E houve grande alegria naquela cidade.(At 8:5-8).
O exemplo de Filipe foi e é até os dias de hoje tremendo, pois o seu testemunho baseado tão somente na fé em Deus, tendo Jesus como seu Senhor e Salvador transformou a vida de multidões e trouxe alegria a uma cidade inteira. Naquele momento, incentivou até mesmo os outros discípulos, em especial, Pedro e João, a se dirigirem àquela região e completar o seu trabalho no Senhor. Mas também atraiu o mágico Simão, que ia iludindo o povo, do menor ao maior, e todos estes diziam ter ele o poder de Deus, que chamavam o Grande Poder. Mas quando Filipe chegou a Samaria e mostrou o verdadeiro Deus e todo o Seu poder e o seu plano redentor em Jesus Cristo, deram crédito a Filipe, inclusive Simão, que conforme o versículo 13, abraçou a fé e foi batizado. Mas, ao meu ver, Simão via tudo aquilo como mais um produto que poderia ser utilizado para atrair multidões ou até mesmo para fins lucrativos.
Naquele contexto, Filipe havia batizado os que criam em Jesus Cristo, mas o Espírito Santo não havia descido sobre nenhum deles. Então Pedro e João desceram de Jerusalém a Samaria para serem instrumentos na mão de Deus para a consumação de tal fato. Provavelmente, quando os novos convertidos eram possuídos pelo Santo Espírito, dons espirituais se apresentavam e tal fato maravilhou a Simão, que então foi abordar os apóstolos e fez-lhe uma proposta comercial achando que poderia comprar o poder de Deus.
Ao abordar os apóstolos, Simão recebeu de Pedro uma repreensão completa, e é aqui que meu coração estremece, pois ele foi levado a rever como utilizava os bens que possuía em especial o dinheiro e a repensar suas atitudes, aquilo que guardava dentro de seu coração, pois se mostrava totalmente distante do caminho e da vontade de Deus. Foi chamado ao arrependimento, a uma verdadeira conversão. Estamos nós, apenas convencidos de quem é Jesus Cristo, ou totalmente convertidos a Ele?
Simão, ouvindo esta palavra, desesperado pede oração intercessora dos apóstolos, que como diz o texto, testificaram e pregaram a Palavra do Senhor e voltaram para Jerusalém, e no caminho de volta, evangelizavam continuamente.
Chegamos então ao versículo 26, que está no início deste texto, aonde um anjo do Senhor fala a Filipe para ir ao caminho de Gaza que estava deserto, e Filipe levanta-se e vai.
Está porção das Sagradas Letras fala de forma contundente ao meu coração. O que vejo e sinto em meu coração diante de tais fatos? Assim vejo e sinto:
- quando nos colocamos a disposição de Deus, em nosso viver diário, fazemos uma diferença tremenda, somos usados de forma maravilhosa pela misericórdia e graça infinitas de nosso Deus, que mesmo sendo nós, pecadores, trapos de imundícia, deu a vida de Seu Filho por cada de um de nós, e ainda nos brinda com o prazer de poder servi-lO, em Espírito e em verdade, para Sua honra e Sua glória.
- quando estamos caminhando dentro da vontade divina atraímos pessoas até nós. E aqui vejo que somos todos iguais diante de Deus, mas somos indivíduos, com diferentes histórias de vida, sendo nossa compreensão inicial de Deus e Sua vontade, fruto de nosso contexto de vida. Portanto, firma-se aqui a necessidade de um discipulado consistente, contínuo, atemporal, entendendo a individualidade, separando a pessoa de seu comportamento, como conosco faz Deus todo o tempo, e assim demonstrou Jesus em seu ministério terreno e por isso temos a salvação, a vida eterna.
Se não há um caminhar diário com cada um que aceita a Cristo, poderá haver desvio do caminho, e ao invés da salvação alcançaremos a perversão e a perda da salvação. Muitos acreditam que podem negociar com Deus, e alcançar as promessas divinas através de dízimos e ofertas, de cargos, de trabalhos humanitários com reconhecimento social. Grande ilusão! Quando nós convertemos a Cristo somos libertos da escravidão do mundo e nós tornamos Seus servos, portanto devemos doar nossas vidas a Ele, que deu, por amor, Sua vida por nós.
- como igreja, o Corpo de Cristo, entendo, que cada um de nós tem um significado ímpar, como cada órgão e segmento de nosso corpo humano, e que conforme a capacitação dada pelo Espírito Santo devemos exercer os dons, com liberdade, em submissão, amor e sabedoria uns aos outros. Em nossos dias, o que vejo como mais bizarro, são líderes utilizando-se de seus cargos eclesiásticos, para impor suas ideias e vontades, até em benefício próprio e dizendo que tais coisas provêm de Deus. Estejamos atentos e capacitados com discernimento espiritual, através da leitura diária da Palavra de Deus e oração contínua, para não darmos crédito às suas falsas palavras e sim sermos sal e luz em meio a um contexto insosso e de trevas.
- enfim vejo na atitude de Filipe ao ouvir a palavra de um anjo do Senhor, mesmo estando em um ministério em que via muitos frutos e o reconhecimento de uma cidade inteira, levantou-se e sem qualquer questionamento foi ao caminho de Gaza, que o anjo apresenta como deserto. Filipe demonstra uma disposição impressionante, uma submissão exemplar, alguém que realmente havia aberto mão de sua vida, de seus sonhos, de seus planos próprios e vivia exclusivamente para o Senhor. Não quero aqui desmerecer o trabalho de qualquer cristão, mas muitas vezes nos limitamos ou desvalorizamos o trabalho do outro em detrimento do nosso. Mais uma vez me reporto ao fato de como igreja, o Corpo de Cristo, termos diferentes dons e papéis, que têm como objetivo glorificar a Deus. Teremos na igreja, pessoas que estarão em uma comunidade durante toda a sua vida e farão um trabalho maravilhoso para o Senhor. Teremos outros que estarão em regiões e países distantes também glorificando ao Pai Celeste. Teremos outros que criarão trabalhos enquanto outros darão continuidade ao que foi iniciado. O que vejo que não devemos fazer é:
  # ter nossa vida cristã como forma de nos exaltarmos, através do exercício dos dons concedidos pelo Espírito Santo;
  # apenas criticar sem conhecer a cada um e seu viver, não reconhecendo seu trabalho;
  # em nossa vida, mesmo direcionada a Cristo, ficarmos cegos espiritualmente e nos limitarmos a ver somente aquilo que nos agrada ou nos é conveniente
ou vermos apenas aquilo que nos é imposto para que vejamos. Filipe não questionou a ordem de Deus e continuou a glorificá-lO com a conversão do eunuco.
Então, que prossigamos em nossa frágil e curta vida neste mundo, cheios do amor e da sabedoria de nosso Pai Celeste.
A Deus somente seja toda a glória!


Missionários do Cerrado

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